Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

Grande sábia

A natureza nos proporciona permanentemente novidades que nos deixam perplexos e pasmos.
Não sabia, por exemplo, que uma ave bastante conhecida poderia causar-me tamanha estranheza. Pois então, a coruja não é uma ave rara. É sim, um tanto especial, com aqueles olhos imensos e um bico que lembra uma unha afiada e retorcida. Rica em penas e penugens que tornam suas formas arredondadas. Uma fofura!
Não é possível chegar muito perto dela, pois gosta de bicar os olhos das pessoas. Talvez ela se sinta atraída pelo brilho das retinas.
A coruja é famosa como personagem de inúmeras fábulas. E o papai e a mamãe quando elogiam demais seus filhos são logo chamados de corujas.
O que terá causado em mim tanto impacto em relação à coruja, este ser alado tão especial?
Símbolo da sabedoria? Não, já que o adjetivo sábia há muito lhe é atribuído. Até se refere aos professores e lhes serve como símbolo. Mas agora tenho mais motivos para achá-la detentora de muita sabedoria.
Minha filha Angélica mostrou-me que a coruja tem pernas longas e finas e as esconde sob as penas, dobrando-as, provavelmente sentando-se sobre elas. Torna-se então uma ave interessante e bela, com as pernas camufladas.
Fiquei, como já disse, perplexa, pois já tive oportunidade de apreciá-la em vários locais diferentes e em momento algum visualizei as suas pernas. Apenas os seus pés. Será esse um dos motivos para ela tornar-se ícone da sabedoria, já que se torna mais bonita e atraente com seus membros inferiores escondidos?
A nossa ilustre ave também se relaciona com o agouro, isto pelo seu piado triste e melancólico.
Quem tem medo e é supersticioso certamente pensará numa bizarra aparição de maus presságios ao vir a Dona Coruja com as pernas à mostra, piando esquisitamente.
Quebrou-se aí um pouco do encanto que essa ave me proporcionava, mas ganhei uma outra perspectiva sobre a sua existência.
“Corujinha, corujinha, que peninha de você!”