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Roselena Salgueiro Ruivo
Belém / PA

 

Conto de uma solidão

Como o sol, ela saía todas as manhãs ao raiar do dia e ia deitando ao longo do caminho pedaços de alegria.
Deixava que seus olhos circundassem as montanhas, os pássaros em revoada, extasiando – se com o perfume das flores.
Corria de encontro ao vento, espantando a tristeza. E, ao longo do dia, ia perdendo seus medos, seus ais, seu tempo. Ali ela era senhora de si.
Banhava – se nas águas serenas do rio, encantava – se com a dança dos peixes, brindava com a natureza sua liberdade de ir e vir.
De dia vivia a ilusão de ser livre e feliz, soltava seu lado sonhador bordando no céu lindas borboletas coloridas, colorindo seu tempo, seus cabelos, sua rotina, suas amarras, seu cansaço de ventos.
E, ainda que a chuva caísse, seguia borrifando gotas de esperança desenhando sol onde chuva havia.
Mas a noite chegava e com ela uma pausa nos seus sonhos de liberdade e, assim retornava ao seu casulo, seu abandono de alma.
Não antes de saudar a lua, não antes de contar seus segredos às estrelas, não antes de mandar um recado ao vento: que trouxesse notícias alvissareiras que aquietasse seu coração. E fechava – se, novamente, dentro de si a espera de um novo dia.
Onde ela morava? Onde colocara seu mundo... Dentro de uma dolorosa saudade... Dentro de uma terrível solidão.

 

 
 
Conto publicado no livro "Contos de quem passa... de quem entra... de quem sai... " - Dezembro de 2015