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Uiara Melo
Maré baixa O vento soprava tão fino, que o mais desatento poderia afirmar ouvir um assobio. Naquela manhã o horizonte estava acinzentado, sem muito brilho. Claudia por sua vez esperava ansiosa o seu esposo Marcos voltar de mais uma pescaria. Toda vez que ele adentrava ao mar, o seu coração que ficava à espera, se contraía ao ponto de doer as costelas. Não era fácil para eles, mesmo juntos os dois compartilhavam de uma solidão ímpar. Claudia nunca fora positiva a essas viagens, mas era o que sustentava a sua família. Mas naquela manhã tudo fora diferente, o pesqueiro não voltara na hora marcada, a cada minuto de espera naquele porto, era uma angustia tamanha, pois a única coisa que te sustentava era o “Te amo” sussurrado pelo seu esposo na madrugada anterior ao pé de seu delicado ouvido. Cláudia sem responder continuou lá, a sua fé era tão grande, que por sua certeza poderia desfazer qualquer maldição ou encanto. Agora já era tarde, não poderia fazer mais nada, a única coisa que lhe restava era voltar para casa. Cláudia caminhou em passos lentos, e a cada gritou no píer ela pensara ser o Marcos e o seu coração se enchia de emoção, mas quando checava com o olhar, a sua decepção tomava lugar. Claudia então, sentou-se à beira do mar e deixou que as suas águas lavassem os seus arranhões, pois quem sabe, ele não perceberia que a amada do Marcos o esperava e o devolvesse enfim. Entretanto, não seria tão fácil assim, o mar não se contentava com pouco sempre queria mais daquele que o desafiava, Claudia decidiu então naquele dia entrar mar e ir atrás do seu amado, não sabemos o que de fato aconteceu porque ninguém mais soubera do Marcos e da moça Claudia. |
Conto
publicado no livro "Contos de quem passa... de quem entra... de quem sai... " - Dezembro de 2015
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