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Neiva Terezinha Paludo Chemin
Pato Branco / PR

 

Recordações do pequeno Rafael

  


Era maio, primavera europeia, quando Diego e o pequeno Rafael viajavam a Florença, Itália. Pai e filho viviam momentos ímpares pelas estradas tranquilas, num trânsito disciplinado. Paisagens lindas, quase desertas... Campos cobertos por uma pastagem serrada... Lugares com algum animal leiteiro pastando. Longínquas regiões desabitadas...
Ao longe, começaram a ver cidades em cima de montes, com casas de dois, três andares, construídas bem juntas umas das outras, num só núcleo. Cidades cercadas por altas muralhas. Pessoas recolhidas em suas casas, em um silêncio aconchegante...
Em cada região por onde passavam, as moradias, todas de uma só cor, bem discretas: do rosa antigo ao amarelo ocre.
Ao longe, o Monte Castelo: onde pracinhas brasileiros partiram para sempre, no cumprimento do dever para com a sua pátria.
Muitos castelos isolados, bem no alto das montanhas. Cenário nostálgico.
            Após grandes emoções, estradas e lugares preservados contando as suas histórias, os dois chegam a Florença, uma das cidades com o maior patrimônio artístico do mundo.
Florença da Igreja Santa Maria del Fiore! De Michelangelo, Galileu Galilei, Maquiavel... Florença da Ponte Vecchio, construída ainda durante o Império Romano, no primeiro século antes de Cristo, e reconstruída em meados de 1300, em arco medieval, sobre o rio Arno. Marco de ourivesarias, joalherias. Florença do impressionante Palazzo Vecchio.
Continuando a viagem, sob um chuvisco frio, rumaram a Pisa, cidade onde Galileu Galilei nasceu. Logo, o Sol deu o ar de sua graça e avistaram a famosa Torre de Pisa. Arquitetura fantástica e cheia de preciosos detalhes nessa construção inclinada, lugar em que o cientista Galileu realizou experimentos para descobrir a velocidade da queda de objetos. Pisa, da poderosa armada que na Idade Média garantiu-lhe o domínio do Mediterrâneo Ocidental.    
Seguindo a viagem, chegaram a Pádua. Cidade linda, calma, cheia de gerânios vermelhos nas sacadas de seus prédios.
Desembarcaram na Prato della Valle, praça enorme com várias pontes em arcos. Belíssima. E foram à famosa Basílica de Santo Antônio de Pádua, construída em homenagem a Santo Antônio. Maravilhosa obra de traços romanos e góticos, onde repousam os restos mortais do santo.
Emoção, difícil de descrever! Dentro da igreja, o silêncio... Reflexão... Chegar até ali, só em sonho. Mas, ali estavam os dois grandes amigos, o pai e o filhinho rezando com muita fé. Atentos, estudaram cada detalhe referente ao santo que um dia fez um grande milagre à menina, mais tarde bisavó e trisavó dos dois curiosos. Receberam a benção de um padre e saíram realizados desse santuário.
No dia vinte, seguiram a Mestre. Surpresas, muitas surpresas na marina encantadora: barcos, iates riquíssimos flutuando. Chafarizes com suas luzes azuis iluminando os jardins cheios de rosas brancas. A noite era um sonho.
Pela manhã, em um vaporetto cruzaram as águas que separam o arquipélago do continente. Céu e mar... Em uma manhã linda de sol chegaram a Veneza. Que espetáculo! Cruzeiros imponentes! Pessoas de todos os cantos do mundo, admiradas com a história viva daquela cidade única.
Pai e filho passearam pelas ruas estreitas e pelas praças secretas da cidade, descobrindo detalhes que fazem de Veneza um lugar mágico.
Em gôndola singraram pelos fascinantes canais. Passaram por pontes em arcos, unindo um prédio a outro, e ruelas estreitas. Viram, ligando o Palazzo Ducale à prisão local, a famosa Ponte dei Sospiri, pela qual passavam os presos levados a julgamento. O último suspiro aos condenados.
Prédios de quatro a cinco andares. Hotéis de luxo. Em todos, janelas ornamentadas com compridas floreiras cheias de gerânios vermelhos e brancos.
Portas de edifícios abrindo na escada de acesso ao canal por onde passavam gôndolas. Cenário curioso e fascinante. Uma cidade grande, com construções espetaculares construídas em um arquipélago. No alto de uma torre, abrigando um lindo relógio azul e dourado, duas estátuas de soldados romanos batiam as horas.
O sol estava claro, brilhante, e o mar azul, quando o pequenino Rafael abraçou o pai e os dois, como crianças felizes, começaram a cantar na grandiosa Praça São Marcos. Ali, muitos pombos dividiam o espaço com turistas, na espreita de alguma migalha. Rafael, com seus olhinhos saltitantes, observava tudo com muita curiosidade.
Foi assim que, embalados pelo som dos pianos, dos violinos, da alegria contagiante de Veneza, Diego e o pequenino Rafael embarcaram rumo ao continente para seguir adiante nessa viagem de sonhos...

 

 
 
Conto publicado no livro "Contos de quem passa... de quem entra... de quem sai... " - Dezembro de 2015