Ismar Carpenter Becker
Rio de Janeiro / RJ

Jaime, o "calhorda" ecologista

Jaime, o Calhorda, tomou consciência que era preciso salvar o planeta senão a civilização humana não chegaria ao fim do milênio. Partiu ele para ação começando por um reflorestamento em seu sítio.
Plantou árvores nativas, ganhou do governo incentivo em não pagar impostos por tornar sua propriedade uma reserva particular. Mas como seu temperamento é calhorda, conseguiu dezenas de formigas Saúvas para formar grandes formigueiros em sua propriedade para assim se alimentarem das recém-mudinhas plantadas,
Segue, então, o Calhorda com sua proposta ecológica. Construiu uma casa de madeira de lei em seu sítio, só que o tal carregamento chega como se fosse eucalipto reciclado, com selo verde e notas fiscais falsas.
Jaime também contribuiu com uma ONG para preservar a Mata Atlântica, depositava os cheques e depois os sustava e segue Jaime criando cupim em cativeiro com a permissão do IBAMA, soltando-os depois de certo tempo numa mata próxima recentemente reflorestada. Jaime comprou madeira clandestina com a intenção de fazer artesanato mas vendia para uma serraria que vendia cadeiras de madeira em praça pública sem nota fiscal.
Certa vez comprou uma propriedade em Minas Gerais para produzir carvão vegetal e vender para ser queimado em uma siderúrgica. Só que vendeu também para uma churrascaria, além disso, encomendava madeira de lei para vender em padarias locais.
Jaime tornou-se um microempresário com cinco funcionários, uma secretária e amante nas horas vagas, um motorista de caminhão cuja CNH havia sido cassada pela Lei Seca, contratou um boy sem carteira assinada que ganhava só cesta básica, contratou também um segurança, ex-miliciano de apelido ‘Brucutu Dócil”.
E assim Jaime, o Calhorda, segue na sua cruzada ecológica prometendo agora insistir em reciclagem com ajuda do Governo Federal da Terra dos Papagaios. Pretende se eleger deputado e depois virar Ministro do Meio Ambiente a fim de conseguir ainda mais concessões.