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Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

Nada de novo sob o sol

 

Já ouvi, diversas vezes, gente dizendo que não entendem o motivo pelo qual as pessoas ainda escrevem e até publicam livros, se tudo já foi escrito; sobre o que há de importante ou não. Concordo em parte, pois se prestarmos bastante atenção, não há mesmo nada inédito, sobre qualquer coisa que se escreva. Alguém já disse aquilo, em algum momento... Só não acho que, por esse motivo, não devamos redigir mais nada. Minha opinião é de que devemos sim continuar a escrever, pois sempre haverá uma maneira de dizer de forma diferente, aquilo que outros já disseram. Temos que ser originais é na maneira de expor nossos pensamentos e sentimentos.

Se assim não fosse, não teria sentido fazermos mais nada neste mundo (deixando assim nossa marca nele); tudo seria repetição, considerando-se não apenas a literatura, mas também as outras artes. Assim como existem, por exemplo, diversos filmes nos mais variados gêneros, sobre o mesmo assunto, algum se sobressairá pela maneira como é mostrado. Sempre haverá alguém que apresentará de um jeito diferente, algo que já foi visto. O mesmo pôr do sol, poderá ser fotografado ou pintado de diversas maneiras. Exemplo maior disso está na música: existem milhares delas, nos mais variados ritmos, sobre os mais variados sentimentos e emoções... Mesmo assim, a cada dia, surge uma infinidade de novas composições e entre elas, algumas se sobressaem, não pelo seu tema (que nunca é inédito), mas pela maneira que transmitem algo e principalmente pelo ritmo, refrão ou alguma coisa de diferente que toque as pessoas...

Desde a pré-história que, através das artes, traçamos um vasto painel das emoções e misérias humanas. Viver é emocionante! Podemos viver 100 anos, ou mais, e estarmos sempre aprendendo algo e questionando os mistérios de nossa existência e é isso que torna a vida maravilhosa. Um dos meus escritores favoritos é o libanês Gibran Khalil Gibran. Tem um pensamento dele que adoro, pois expressa de forma perfeita, sua filosofia de vida, a respeitos dos mistérios que nos afligem:

 “Quando tiveres desvendado todos os mistérios da vida, ansiarás pela morte, pois ela não é senão outro mistério da vida.”

 E há também um outro pensamento desse excepcional pensador, que traduz de uma forma linda, a razão de nosso anseio de continuar escrevendo, apesar do que eu disse acima, quando falei que “ tudo que importa ou não, já foi escrito”. É o seguinte:
"Árvores são poemas que a terra escreve para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio."
Pois todos nós temos um “vazio” interior, que precisamos preencher de algum jeito. Depende de cada um, escolher a forma de fazer isso. Alguns o preenchem com coisas boas enquanto outros escolhem o caminho errado, só fazendo coisas más e prejudiciais a si mesmos e também aos outros.
Portanto, o título correto deste escrito deveria ser “SEMPRE HAVERÁ ALGO NOVO SOB O SOL”, pois nosso “vazio” sempre existirá (pois é inerente à condição humana) e precisamos tentar preenchê-lo, de alguma maneira...

 
 
Conto publicado no livro "Contos Selecionados de Grandes Autores Brasileiros" - Maio de 2016