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André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

Logo ao acordar

 

As primeiras luzes despontando à cidade
Sobre a sua geometria em retas frias
Com retângulos, quadrados e alguns triângulos
Em milhões de agudos e obtusos e sem ângulos...
Paira ao leste a lua, e me sorri à claridade...
Parecia uma lanterna acesa, sobre os montes
Parecia até querer manter a noite acesa
E apagada, as luzes sobre os verdes horizontes...
Um constante som e rouco. E um pipilar, ouvia
Isso apenas me dizia, recomeçava o dia
Mas, do alto a lua insistia, em noite ser
E nenhuma voz reivindicava o amanhecer...
Era um silêncio tolo, humano. E um som de carro
se ouvia ao longe. Máquinas que dominam tudo
E meus olhos tecnológicos ao olhar futuro
Via um corpo, uma cabeça, boca aberta e um escarro
É um homem, e entre os dedos leva o seu cigarro...
Ele, o cigarro, companheiro da ansiedade,
Poluindo o ar, pulmão... Um câncer, um enfisema...
E este Homem lá. Em meio a tudo, em meio ao meu poema.
Ele, e somente ele, pode ir mudar o mundo
Sobretudo o mundo dele, íntimo e profundo.
Mas, andava só ao seu trabalho, e retalhado,
E os telhados com a luz do alvorecer...
Vi surgindo céu azul em tom, indescritível e belo
E do cérebro sem fim, um neurônio amarelo
Se ligando a um corpo, lhe doava a luz da vida
Com benevolência e inteligência, gerencia
Aquecendo o coração do corpo em harmonia
Pouco a pouco, envolvendo a vida escarnecida...
Quando aqui o vejo, como encanta o amanhecer!
Curvo-me a sua realeza e a natureza
Sei também, é soberano, por manter acesa
A lanterna do espaço, e em outra face anoitecer...
Esfacelasse ao crepúsculo a manhã do dia
E o dia apressadamente entardeceria...
Quanta luz se faz sobre a minha treva
À medida que o clarão dourado se eleva
Quanta escuridão se faz em minhas dúvidas
Homens que se afastam da sua natureza
Vão se transformando em "chips" sem beleza
E aumentando sobre o mundo suas dívidas...
Que será de nós até o fim do dia?
Transformar-nos-emos, em robôs um pouco mais
Esquecendo às cavernas nossos ancestrais
E assim ficando bem mais pobre a poesia...?
E a saudade que se faz presente à esperança
O passado que ensina pela experiência
Para em outros amanhãs se ter vivências
Ao futuro horizonte que avança...
Mas, quem se aproxima com as mãos do tempo...?
O presente, a realidade nua e crua...
E assim eu olho pela rua, elevo a minha face a lua
Que se desfazendo pelo azul está nua
E o novo dia quem diria se insinua
Com o céu caiado pelas cores de um pincel dourado
Obrigando-nos a caminhar calados com um fado...
De ser um ser humano, ainda em progresso
Que caminha em regresso ao país de onde veio
Cujo passaporte, a morte, leva ao verso
Do universo-poesia, a verdadeira pátria em que eu creio...

 


 
 
Conto publicado no livro "Contos Selecionados de Grandes Autores Brasileiros" - Maio de 2016