João Riél M. N. V de Oliveira Brito
Porto Alegre / RS

 

 

Surdina!

 

 

Eu também já toquei um piano sob a chuva...
Em uma tarde turva, mas que não era despovoada.
Quando eu entoei aquela minha límpida música.
Também recebi uma grande lembrança apagada

E por entre estes meus verdes olhos, já cansados
E estes meus descansados e brancos ouvidos
Eu vejo um ser que colhe com seus dedos calmos
Vários ramos de sons e tons já descoloridos.

A chuva daquela tarde turva interferiu no som.
E tudo estava tão longe perante o meu dia
Misturei piano, canções, nuvens e melodias.

E fiz uma nova letra de música com este meu dom
Já nem mais reparei o tempo que não era bom...
E fiquei então “surdino” por toda a noite fria...

 

(Em homenagem à eterna poetisa Cecília Meirelles)

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Dia Mundial da Poesia"- Edição 2020 - Julho de 2020