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Sandra Berg
Belém / PA

 

Auréolas

Um cadarço de sapatos me fez recordar
Um tempo distante
Quando eu tive a chance de intentar
Para mudar os caminhos.
Eu estava sob a chuva que lava os erros
E podia beber tranquila a temperança daqueles dias.
Por um descuido, talvez, deixei passar o momento
E não me dei conta de que o pé crescia,
Que os sapatos a cada ano aumentavam de número,
Que o brilho inocente no olhar ia mudando,
Tomando aquele ar mais sério (ou triste?)
Olhei os seus dedos tingidos de azul
Da caneta esferográfica
E não me toquei de que eu jamais poderia reaver
Pedaços da vida
Esperando entre as folhas dos cadernos
Que, nos esconderijos do tempo se perderiam.
Não me ocorreu que eu não podia guardar
Manhãs de violinos,
Quadrantes de sol,
Nem as tachinhas brilhantes que se desprendiam
Das roupas, dos brinquedos e de tudo.
Até as figurinhas que colecionavas
Voaram com o vento...
Lembranças ficam inertes ao ímpeto da vela do dia.
No escuro da noite elas teimam em arder,
Ficam de sentinela na insônia
Queimando na saudade
Dum tempo que nunca mais vai voltar.

 

 


 

 

 
Poema publicado no livro "De Verso em Verso" - Edição Especial - Abril de 2015