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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 21 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Giulia Dummont

Mas perguntam-me, afinal, quem sou eu?
Eu sou a que caminha descalça
pelas areias brancas da praia...
a que, como a gaivota, ensaia
seu vôo rasante na esteira da balsa.

Sou apenas de poeta uma aprendiz
tentando exprimir nos meus versos
os sentimentos mais controversos
de uma vida não muito feliz.

Paulistana, nasci no bairro do Brás, aos 02 de abril de 1948. Tenho formação em Ciências Contábeis, mas nunca exerci a profissão. Aposentei-me há 10 anos, do serviço público municipal e tornei-me caiçara por uns tempos. Agora caipira, resido no interior de São Paulo para um merecido descanso da minha querida e tresloucada “paulicéia desvairada”. Gosto de mar e de mata, de vento, do sol e da lua, de andar descalça, de chuva, do cheiro do capim molhado, de andar de mãos dadas e de beijo na boca. Sei, ainda, que a minha metade é corpo; a outra alma, em forma de palavras dispostas em verso ou prosa, que não se emolduram mas se enquadram em qualquer estilo, em qualquer formato. Sou propensa à melancolia e à solidão, companheiras fiéis de meus frágeis versos e há, ainda, muitas reticências em minha vida, mas pelo caminho vou fechando parênteses – que um dia foram lacunas – e vou, aos poucos, juntando pontos finais às sentenças já findas.

"A poesia não tem outro objetivo senão ela mesma"
Baudelaire afirmava que “a poesia não tem outro objetivo senão ela mesma”. Assim a poesia que escrevo, aqui confesso, não tem outra finalidade senão a de alimentar a voraz leitora que em mim reside. Para tanto não me prendo a estilos, escolas literárias, métricas e outros que tais e, rebelde que sou, escrevo tudo quanto me agrade, desde o meu mundo real até o onírico e o surreal, as manifestações da natureza e os mais diversos sentimentos. No entanto, não me considero uma escritora, no sentido profissional do termo, pois que o é quem escreve sempre; os meus escritos são esporádicos, ora fluentes e espontâneos, mas na maior parte das vezes extraídos à fórceps – a palavra reluta em deixar-se ficar no papel ( isso mesmo, papel... e caneta, à moda antiga, quase sempre ao nascer do sol, debruçada na minha varanda...), as letras embaralham-se, as sílabas se torcem e a inspiração se perde.
Escrever é, para mim, um deleite próprio do espírito de quem sente a poesia nos suspiros da natureza e da vida, seguindo impulsos que não se explica de onde surgem.
E se “o poeta é um fingidor” como já o dizia Fernando Pessoa, é também um sonhador e um especialista em inverdades e, na inquietude das minhas letras, quando se agrupam, repouso como pretensa poeta-prosadora enquanto o pensamento divaga sempre à procura da palavra que me leve ao ato final – a razão da existência do escritor – o próprio ato da escrita.

Autores preferidos
Dentre escritores e poetas, destaco como prediletos Fernando Pessoa, Guilherme de Almeida, Mario Quintana, Manoel de Barros, Cecília Meireles, Clarice Lispector e outros muitos. Dentre outros autores releio, sempre as obras de Gibran Khalil Gibran, com destaque para “Temporais”, nome que adotei para o meu blog (http://temporais.blogspot.com/). No entanto, aprecio muito livros policiais e de histórias detetivescas contendo personagens do tipo Sherlock Holmes, Hercule Poirot, e ainda histórias que tem como cenário a idade média e antiga, cavaleiros cruzados, beduínos, wickings e feiticeiras, heróis que ainda povoam a minha fantasia de menina-idosa.


A CBJE
Descobri a CBJE, há alguns anos atrás, quando em um grupo virtual literário discutia-se a dificuldade dos novos escritores e poetas na edição de livros neste país. Várias manifestações surgiram, dentre elas o nome da Câmara Brasileira foi citado por um dos participantes. A partir de então, bem acolhida pelos responsáveis, venho participando de algumas antologias, aguardando o momento propício para edição de livro próprio.

Tomar consciência de si
Aos poetas e escritores iniciantes deixo as palavras de Kierkgaard: “aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo. E aventurar-se no sentido mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio”. E para entrar nessa maravilhosa aventura, que é o ato da escrita, é preciso ler e ler muito sobre todos os temas, é preciso viver e viver intensamente todos os momentos da vida e nela acreditar, é preciso amar e amar muito os seres viventes e toda a manifestação da natureza, pois em tudo há arte e arte é vida. E, evidente, escrever e moldar e trabalhar a escrita sem a preocupação de agradar a este ou aquele, mas somente a si próprio.

...
Aos leitores, pequenos Retalhos de minha vida retratados muito mais em versos do que em prosa:

Eis meus poemas. Versos que assino
no decorrer desta vida transitória.
São retalhos banais, minha história,
pedaços de existência e do destino.

Cada verso traz uma descrença, desatino,
felicidade, desamor, amor e glória.
Os sonhos, presentes na memória,
aqui no papel eu os defino.

Tudo o que vivi, minha poesia,
fica aqui registrado, com nostalgia,
com uma mensagem de esperança.

Ao juntar-se os retalhos desta vida,
quando estiver eu já de partida,
ficarei, eternamente, em alguma lembrança.


Contato:gdummont@gmail.com