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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 21 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Andra Valladares

Quem sou
Chamo-me Andra Valladares, nasci em Governador Valadares/MG mas resido em Vila Velha/ES. Considero-me capixaba pois minha história foi construída no Espírito Santo, moro neste estado desde que tinha dois anos de idade. Graduei-me em Direito em 1995 exerço a profissão de advogada desde então. Paralelamente, também tenho exercido atividades na área musical, como cantora e compositora; atualmente estou gravando um CD com composições próprias e pretendo lançá-lo em breve, talvez ainda este ano. Também tenho dedicado boa parte do meu tempo à poesia, participo de alguns sites, grupos e tenho um site pessoal com blog (http:andravalladares.multiply.com ) onde divulgo minhas poesias e músicas. Pretendo lançar em breve um livro de poemas infantis em parceria com minha mãe Sandra Maria Sarmento, autora que também já teve seus poemas publicados nas antologias quanto em dois Paranoramas Literários e Livros de Ouro organizado pela CBJE.

Meu interesse pela literatura
Para mim a arte é fundamental, é um alimento para o espírito. Sou apreciadora de todas as formas de manifestações artísticas. Desde criança sempre gostei de ler, porém somente comecei a escrever bem mais tarde, primeiro envolvi-me com a música e na tentativa de compor e escrever letras de músicas comecei a me interessar pela poesia. Estudei um pouco de teoria literária para aprofundar meu conhecimento sobre o assunto, passei a ler poesias de diversos autores, dos quais destaco: Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Mario Quintana, Castro Alves, Olavo Bilac.
O primeiro poema que escrevi foi “Manhã de Primavera”, publicado na Antologia 22 organizada pela CBJE.
Acho que escrever é um dom, isso não quer dizer que ter apenas o “dom” vá fazer com que alguém se torne um bom escritor e/ou poeta. Neste aspecto concordo plenamente com Carlos Drummond de Andrade, que escreveu o seguinte: "Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poema desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos".

Compromissada com o quê?
Certamente, tudo que escrevo tem um pouco de mim, reflete minha essência, meu modo de “ver” o mundo, mas não é necessariamente uma verdade sobre minha vida pessoal. Acho que o poeta ou escritor não tem compromisso em escrever apenas a realidade, posto que cada um de nós tem suas próprias verdades calcadas nas experiências vividas. Cecília Meireles, grande nome da poesia nacional dedicou grande parte de sua obra às poesias líricas e infantis, mas também escreveu poesias baseadas na história, como é o caso de seu livro “O Romanceiro da Inconfidência”. Castro Alves, escreveu poesias sociais contra a escravidão que reinava em seu tempo. Carlos Drummond de Andrade escreveu poemas ligados ao cotidiano e à crítica social... Cada um deles e outros tantos poetas brasileiros colaborou de alguma forma para a construção da literatura nacional, seja escrevendo sobre seu eu-lírico, ou lançando seu grito político, social, ambiental... Portanto, na minha opinião de iniciante na arte literária, entendo que querendo ou não, cada poeta/escritor tem a influência tanto da época em que vive (ou viveu) por ser testemunha de seus acontecimentos históricos, usos e costumes, experiências alheias, etc.. Quanto de sua própria vida, seus dramas pessoais, suas vitórias, seus amores... e isso influencia diretamente em tudo aquilo que escreve, sendo uma verdade sobre ele. Como disse anteriormente, não necessariamente uma verdade vivida por ele mas certamente testemunhada e assimilada.

Meus autores preferidos
Já li muitos livros marcantes, que certamente contribuíram para minha forma de ver e também enriqueceram meu vocabulário. Mas na poesia, meus autores favoritos são: Cecília Meirelles, Mário Quintana, Florbela Espanca, Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, Olavo Bilac... Esses são os renomados, mas através da internet, tenho conhecido muitos outros grandes poetas, dos quais destaco: Ângela Maria Duarte, Tasso Rossi, Lílian Maial, Rosa Pena, Kathleen Lessa e Lenise Marques. Ultimamente o que tem me impressionado muito é a poesia minimalista, tanto o haikai quanto o poetrix, tenho dedicado boa parte do meu tempo livre para estudar, ler e escrever sobre esses dois estilos poéticos.

A CBJE
Conheci a CBJE através de pesquisa na internet, acho que é uma excelente oportunidade para os novos autores apresentarem seus trabalhos e também conhecer obras de outros autores. Meu primeiro poema publicado foi através da CBJE “Um Homem Alcançará o Céu”. Depois disso já encontrei meus poemas publicados em diversos sites da internet, isso é muito gratificante para um poeta, saber que sue poesia realmente tocou alguém. Certamente a CBJE tem participação em meu crescimento como autora, pois de nada vale escrever e não ter a oportunidade de mostrar esse trabalho para outras pessoas. O método como a CBJE trabalha, sem obrigar os autores e comprar dezenas de livros para ter seu trabalho publicado, estimula em muito a produção literária e é uma atitude bastante louvável por parte de seus idealizadores.

Para os que estão iniciando
Quem realmente quer ser um poeta ou escritor, como consta na citação de Carlos Drummond de Andrade que escrevi acima, deve “armar-se” para isso. As principais armas do poeta são a informação, ou seja, estudar ao menos sobre as regras básicas do estilo literário que pretende desenvolver; a leitura de obras de escritores/poetas consagrados e além disso; deve ter uma rotina para escrever, pois tem de escrever sempre, mesmo que não esteja “inspirado”... “rabiscar” alguma coisa , colocar no papel o que estamos sentindo, buscar algo ao seu redor... nem que seja para escrever sobre uma folha que cai, uma teia de aranha presa ao teto do quarto... Qualquer tema bem trabalhado pode virar poesia, basta estejamos atentos a isso.
...
Finalmente, quero deixar registrado um poema que escrevi chamado "Canção do Agreste", que obteve a primeira colocação no Concurso Literário “Maria Stella Novaes 2005”, organizado pela Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, e foi publicado no livro “A Dança das Palavras” também organizado por referida academia.

Canção do Agreste

Enxada no ombro,
peso da vida...
Na minha lida,
quente é o chão.
A terra é morta,
o sol castiga.
Meus pés descalços
sofrem na estrada.
Felicidade?!
Não tenho não...

Meus passos tecem
triste destino,
desde menino
levo essa cruz...
A seca é “braba”,
maltrata a gente,
seja clemente
meu bom Jesus!

Seja clemente
com essa gente
que no sertão
vive a lutar.
Mande a chuva
fecundar a terra,
pro meu trabalho
amenizar.


Contato:andra.mara@bol.com.br