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Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 21 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos. |
Auxiliadora Maria Martins da Silva Quem sou Auxiliadora Maria Martins da Silva, mulher, negra, esposa, mãe, avó, sogra e educadora. Pedagoga com Mestrado em Ensino das Ciências e cursando o Doutorado em Educação na UFPE, e formadora do CEEL - Centro de Ensino em Educação e Linguagem da UFPE. Sou de Olinda, capital da Cultura, em Pernambuco, no Nordeste do Brasil. Interesse pela poesia Desde a infância, minha mãe semi-analfabeta, tinha muito orgulho de dizer para todas as pessoas que eu, aos seis anos, já sabia ler. Sua felicidade com isso me fez aprender a importância da leitura para mim e para minha mãe. Não creio que escrever seja um dom Pensar em dom é acreditar que uns são capazes e outros incapazes de escrever e eu não penso assim. Para mim todas as pessoas são capazes de ler e de escrever e nos mais diferentes gêneros textuais que circulam em nossa sociedade, contudo, para muitos falta o acesso e o manuseio cotidianos com esses bens culturais que nos fazem sentir deleite e prazer no ato de ler e escrever. Muitas vezes a própria escola faz da leitura e da escrita um processo extremamente doloroso, desgastante, levando as pessoas a desistirem ou embotar suas qualidades/capacidades/habilidades. A escrita como uma necessidade Considerando que vivemos em um mundo letrado onde a escrita e a leitura são bastante valorizadas socialmente e, considerando ainda o fato de que o que está escrito atinge nossa descendência e fica para posteridade, a escrita tem sido uma necessidade, para mim, que a utilizo para dizer o que sinto e penso acerca da vida, do mundo e contra as injustiças sociais que graçam em nosso país. Relação vida/obra Em minha obra falo de minha família(mãe falecida, marido, filhos e neta), meus outros parentes, meus amigos e grito contra as questões socias reveladoras de injustiça, contra a pobreza e ela retrata a minha verdade. Compromisso com a verdade Somos cidadãos e cidadãs de um país que possui problemas como o racismo, a roubalheira, a corrupção, políticos desonestos. Acho impossível ficar alheia a toda essa gama de maus acontecimentos. Não acredito em ciência ou arte neutra. Respeito a opção de quem não se compromete mas jamais poderei fingir que não estou vendo nem ouvindo as dores do outro. Meus autores preferidos Devo citar quatro: Henrique Cunha Júnior, Pietra Diwan, Kabengele Munanga, Jacques Dadesky e Michael Foucault. Quanto a livros, "A mulher escondida na professora", de Alícia Fernandez. A CBJE Telma Linhares leu minhas poesias e ficou muito impressionada porque eu as escondia e não publicava, insistiu, deu-me o site, ficou cobrando e eu, então, me inscrevi na CBJE. Você considera que a CBJE teve ou tem alguma participação no seu crescimento como autor? Sim. Todo mês eu figuro num livro da CBJE isso é lisonjeador e muito gratificante. Mostro aos familiares e amigos e todos ficam surpresos e orgulhosos, pois não conheciam essa minha faceta de poeta. Um conselho para os novos Mostrem suas produções, saiam dos armários, acreditem em si mesmos e, se o outro não gosta do que você faz, se o que você faz não está prejudicando ninguém, o problema é então do outro e não seu. Acredito na vida Contato:auxiliadora.martins@ig.com.br |