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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 22 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Larissa Nascimento Sátiro

Quem sou eu
Eu sou uma parte desse todo vibrante, itinerante, que nasce a cada dia e eu represento. Ao menos tento. Acho que vim ao mundo para poetizar, para escrever, profetizar, para atuar, encenar... mas eis que sobreveio a razão, e então, porque não???, resolvi mudar os rumos desta história imprevisível. Me dediquei ao meu segundo amor, estudar, com medo de que o primeiro me tomasse por inteiro. Hoje, sou pesquisadora, bióloga, professora do ensino superior numa Universidade Federal. Mulher, apaixonada, encantada com a vida, ainda me deixo tomar pelo rubor da tal paixão antiga... e então... escrevo. Escrevo a vida. A vida que tenho, a vida que dou. Mas o que é nosso senão o que podemos oferecer ao outro... Além disso, adoro retiscências. Elas permitem sonhar, preencher espaços aparentemente vazios e mudos com os mais encantadores, fantásticos e inimagináveis pensamentos e atos até. É isso... Sou uma mulher que pesquisa a vida, com ciência e com arte. Como um todo e em parte. E pretendo, no futuro (que nunca chega por sinal) ir à Marte... só pra rimar com todo o resto...

Meu interesse pela poesia/literatura
Surgiu quando eu nasci. Ainda me lembro como se fosse ontem. Talvez tenha sido, pois que nascemos a cada dia, novos, velhos e absurdos. Havia um papel... havia um lápis. Escrevi uma vogal. Li o que escrevi. Pronto! Desse dia em dia em diante não parei jamais. Minha mãe, professora de Português, muitos livros tinha... e quanto mais os tinha mais os comprava e eu os lia. Mágicos que eram, resolvi imitá-los, pois que toda criança o faz com seus heróis. Escrevi imitando minha mãe, meu pai, meu irmão, meus avós, meus vizinhos e as crianças que brincavam no pátio. Quero dizer que quando nasci para a escrita do mundo, nasci também para a escrita da vida. Desde sempre, desde que me recordo, escrevo. E percebi que a leitura era uma forma de escrever em si mesmo palavras que outros viveram. Tornei disso um hábito, um vício, e novamente um hábito. Ao perceber que as palavras poderiam dizer mais do que significavam, através de uma série de ferramentas literárias, dentre as quais a metáfora, a rima, a história narrada até, me apaixonei. Foi assim que surgiu meu interesse pela poesia, pela literatura, pela arte... como um pinto eclode de um ovo (e de onde mais seria?)... com medo, desesperado, mas querendo ver o novo que estava logo ali, atrás daquela casca...

Minha relação vida/obra
A minha obra por vezes é a vida que tento desvendar. Quando escrevo, escrevo sobre mim e acerca de mim e sobre tudo o que me compõe; a saber: as casas, as esquinas, as pessoas, a chuva, o vento e as tempestades. Escrevo sobre minhas vontades e sonhos e sobre as vontades e sonhos que desejo fossem meus... isso às vezes. Porque noutras vezes escrevo sobre algo muito além de mim, que possa talvez me esconder, me proteger, velar meu sono intranquilo... Assim, por vezes, nem mesmo eu sei quando falo de mim e quando falo do outro e quando falo de nem uma coisa nem outra. É uma forma de manter-me curiosa em me descobrir ou não entre as palavras que porventura alinhavo.

Autores preferidos
Ah! São tantos... Possivelmente um. Um que sinta como Fernado Pessoa... um que se perca só para talvez nunca se encontrar e manter-se encantado, sóbrio e triste como Clarice Lispector (da qual sou uma fã), um que fale de palavras como Machado de Assis, um que fale com palavras e através delas como Cecília Meireles. Um que transforme palavras em pura mágica como Carlos Drummond de Andrade. Um em mil... e que eles se multipliquem pelos séculos dos séculos.

A CBJE
Um amigo me convidou a ler seus textos publicados pela CBJE. Li-os todos. Passeei pela página e descobri uma seletiva. Arrisquei. Escrevi um texto, nem fiz cópia. Escrevi e enviei. Fui selecionada e desde então tenho feito desse hábito um incentivo a novas escritas... Me redescobri escritora de mim mesma e vez por outra de outra parte de mim.

Para quem está começando
Todo começo tem seu encanto. Se deixe encantar, ouça o canto da sereia e siga sem medo. Arrisque-se. Se exponha. Afinal, sem exposição não há revelação. Não busque a fama, nem o reconhecimento. Procure o prazer em escrever. Se não encontrá-lo, é porque não está ali. Procure então em outro lugar. Se encontrá-lo no entanto, não o deixe partir. Cative-o como a um bom vizinho, acaricie-o como a um bom amante e terá sempre retorno, mais que o esperado, justamente por não esperá-lo.


Contato: larisatiro@hotmail.com