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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 22 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Edith Lobato

Eu sou...
Edith Lobato, filha de Abelardo Lobato e Lourdes Lobato, junto com mais 17 irmãos, dos quais seis partiram de nosso convívio ainda em idade muito tenra. Nasci na Vila de Fordlândia, localizada entre os municípios de Aveiro e Itatituba, no estado do Pará. Fordlândia é o nome dado a uma grande extensão de terra adquirida pelo magnata Henry Ford na década de 1920, onde sua clara intenção e propósito era o plantio de seringueiras para a produção do látex. Nasci na sinfonia dos pássaros e no silêncio da mata no dia 20 de dezembro de 1963. Sou som retinindo pensamentos escritos em palavras entre a lógica e a razão, entre a razão e o espaço, entre o espaço e o coração, entre o coração e a emoção, entre a emoção e as pessoas, entre as pessoas e o tempo. Sou professora desde os 18 anos de idade. Sou concursada pela rede municipal de ensino, desde o ano de 1999. Sou licenciada em Matemática pela Universidade Federal do Pará, participante de conferências, seminários e quaisquer eventos sobre a educação em minha cidade. Edith Lobato é uma base de observação em permanente construção caminhando na plataforma do mundo. Gosta de ler livros relacionados ao mais variados temas e áreas, revistas, jornais, contos, crônicas, ensaios, teses, enfim tudo o que traz informação e conhecimento.

Meu interesse pela poesia/literatura...
Acredito que temos inteligências múltiplas. Neste conjunto, algumas se desenvolvem e, outras não. Tudo depende da forma como se entra em contato com os mecanismos que vão desenvolvê-las. Porém, acredito que muitas pessoas nascem com habilidades definidas, as quais, em algum momento da vida se definem, deixando claros, a aptidão que temos ou o talento que possuímos. Assim, meu interesse pela Literatura se deu com o interesse pela leitura. Eu tinha os pensamentos, mas faltava a amplidão deles. Faltava lapidar o sentimento poético dentro de mim, e este é um processo que vai sendo sedimentado durante toda a vida. Desde pequena, sempre gostei de ler e, assim como o mundo numérico me instigava, o mundo das letras me fascinava. Fui adquirindo o hábito de escrever tudo o que pensava num caderno, mas, até então, eram pensamentos de uma menina sobre olhar da emoção. Passei anos registrando olhares, até que num certo período de minha vida, concluir que tudo aquilo não servia para nada, então me desfiz dos alfarrábios de infância e adolescência. Entretanto, quando eu estava nos lugares mais inapropriados, pipocavam em minha mente versos e, muitas vezes, até quadras inteiras. Então entendi que aquela profusão de pensamentos era o meu encontro com a poesia.

Relação vida / obra
Minhas composições são frutos de minha inquietação diante das coisas e, da visão do espelho do meu olhar, segundo o que vejo na realidade e de acordo com os sentimentos que me tomam num momento singular. A relação intimista entre o eu da poetisa e a vida, dá-se no plano da constatação objetiva e subjetiva por onde transcende o olhar e o sentimento. Cabe ao leitor fazer a sua interpretação e aplicá-la de acordo com a visão crítica do que vê e do que o cerca. Assim, a minha obra tem relação com minha vivência e não diretamente com minha vida.

Primeiros contatos
Na localidade onde nasci as crianças ingressavam na escola aos 7 anos de idade e, nesta idade todos os novatos iam para a primeira série fraca. Era o início de tudo. Ali o objetivo maior era ensinar à criança ler, escrever e contar. A professora lia em voz alta para que aprendêssemos a ouvir e a ter postura ao ler em público. Foi assim que tive meu primeiro contato com a literatura de Monteiro Lobato e o Pequeno Príncipe de Exupery. Assim, pude ir penetrando num mundo maravilhoso. Monteiro Lobato é um dos escritores mais marcantes em minha vida. No curso ginasial, havia as leituras obrigatórias acompanhadas de uma ficha de leitura. Desta forma, li obras de autores como: Eça de Queiroz; Lima Barreto; Joaquim Manoel de Macedo; Bernardo Guimarães; Aluízio de Azevedo; Raul Pompéia; Célia Meireles, Florbela Espanca. Mas, gosto da poesia lírica de Gregório de Mattos; Alvares de Azevedo; Gonçalves Dias, Augusto dos Anjos; Claudio Manoel da Costa; Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha; Luíz Vaz de Camões; Murilo Mendes; Jorge de Lima; Euclides da Cunha, entre outros que, se for citar aqui, a lista ficará imensa.

A CBJE/Relevância ...
Conheci a CBJE através da indicação do site pelo poeta e escritor, Ronaldo Honorio, o qual lançou o livro "Onde Guardarei Estes Oceanos?", pela CBJE, e aproveito para agradecer a generosidade da partilha. O Brasil é um país de talentos e riquezas escondidas, muitos vivem à margem do anonimato por falta de reconhecimento e de um meio/veículo que os divulgue, assim, a CBJE surge, no cenário da literatura, como luz para os jovens talentos. Em minha vida, digo que a CBJE tem contribuído, indubitavelmente, na divulgação de minhas composições. Pela CBJE realizei o sonho de ter composições minhas publicadas em livros. O projeto do lançamento de uma Antologia a cada mês, com o objetivo de tirar do anonimato, através da divulgação e publicação de obras de escritores contemporâneos é um dos mais nobres e relevantes projetos que já tive a oportunidade de presenciar. Deixo aqui registrado, meus sinceros parabéns e agradecimentos à CBJE.

Para quem está começando
A quem possa interessar, digo: Estude, leia, questione, investigue, indague, faça arguições quando se sentir inquieto. Pondere, lime e apare arestas quando for preciso. Que o ato de estudar não tenha fim, que seja uma permanente busca. Que as críticas recebidas não tenham o peso de uma pedra atirada, mas sim, a alavanca para se construir palácios. Que tenham cuidado com os elogios para que eles não venham ser pedra de tropeço. Que constitua o hábito de olhar e não apenas ver, quem olha transcende, quem vê apenas olha. Não se cale diante das imposições e não negue a si diante das constatações. Aprenda a ouvir e respeitar as idéias alheias, mas não se prive de colocar as vossas, tendo sempre o cuidado para que elas não sejam imposições. Escreva qualquer pensamento que sua mente produzir, não se preocupe e nem se torne tão ansioso quanto ao que escreveu, deixe o pensamento fluir. Não fique julgando se isto ou aquilo vai agradar a quem quer que seja, é o seu pensamento, o leitor é livre para apreciar ou não o que ler. Seja sempre você, não o que os outros querem que você seja. Não julgue a sua obra pela obra de ninguém, acima de tudo, importa a essência das coisas. Peça ajuda quando não souber sobre determinado assunto, não há nenhum mal em pedir auxílio, porque ao mesmo tempo em que você aprende o outro partilha o que sabe. Não se conturbe se a inspiração demora. Cada um tem um ritmo e, o compromisso e a qualidade são fatores essenciais. Siga, persiga e lute! Sucesso! Para Refletir, deixo abaixo meu soneto Efemeridade.
Raia o sol tão ardente e majestoso!
E se estende por este mundo imenso;
Extenso, vasto e tão misterioso,
Rotunda rosa lá no céu suspenso!

Um astro tão potente e suntuoso,
De larga formosura e brilho denso;
Compraz-se na sua sina, jubiloso,
De ser ao mundo o astro mais intenso.

E sem qualquer tristeza ou desventura,
Toda essa beleza que lhe afigura,
Morre demente no final do dia!

De tudo que se vê nada perdura,
Como o astro, assim o homem desfigura,
E em trevas se conturba a romaria.



Contato: edithlobato@yahoo.com.br