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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 22 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Angela Regina Ramalho Xavier

Quem é você?
Sou Angela Regina Ramalho Xavier, nasci em Nova Esperança, no Estado do Paraná, mas sou maringaense de coração, pois aqui vivo desde os 02 anos de idade. Meus pais são Inácio Ramalho Xavier (in memorian) e Lucinda Leite Ramalho, ambos paraibanos, nascidos em Patos e Teixeira, respectivamente. Sou formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá. Fiz duas pós-graduações: uma em Educação Infantil, outra em Educação Especial e estou cursando uma terceira em Pedagogia Hospitalar. Profissionalmente atuo como Coordenadora Pedagógica de um Programa de Escolarização Hospitalar. Diria também que sou uma pedagoga apaixonada pela arte de escrever. Tenho sempre que estar com papel e caneta por perto. Na profissão que escolhi, isso não é problema.

Como surgiu seu interesse pela poesia/literatura?
De pequena, sempre via meu pai lendo e tinha muita curiosidade em saber o que havia de interessante naqueles livros. Meu pai também era repentista e fazia versos de improviso. Era só dar o tema e ele na hora, fazia versos maravilhosos! Eu me encantava com a sua habilidade! Algum tempo depois, já na escola, minha professora pediu para fazer uma redação com o tema "mãe". Eu devia ter uns 8 a 9 anos, mais ou menos. Lembro-me que fiz a redação e foi um sucesso! Lá em casa, o texto foi passando de mão em mão e todos riam muito. Também comentavam que a pontuação estava perfeita. Nesse dia, percebi que levava jeito para a coisa.

Como eram os seus primeiros escritos?
Com 12 anos eu já tinha um caderno de poesias. Lembro-me perfeitamente dele. Era um caderno de capa verde, de um material acetinado. Bem no centro da capa, em alto relevo, uma rosa vermelha, muito bonita. Ali registrei minhas primeiras poesias. Caprichava na métrica e nas rimas. Lembro-me que guardava esse caderno como um tesouro. Adolescente, tinha muita vergonha de mostrar o que escrevia para as pessoas. Perfeccionista desde pequena, rasguei muitos textos e joguei fora; por não considerá-los de boa qualidade.

Desde quando você lê?
A curiosidade pelos livros vem desde pequena, mas no último ano da faculdade, tive que deixar o emprego para poder concluir as horas de estágio previstas no curso. Nessa época, participei de um teste seletivo para trabalhar em uma biblioteca. Havia 60 candidatos para uma vaga e a prova escrita foi somente literatura. Respondi todas as questões com a maior segurança. A próxima etapa seria uma entrevista, decisiva na disputa pela vaga. Posso dizer que deixei 59 candidatos para trás, pois a vaga foi minha. Concluo então que aos 22 anos eu já tinha uma bagagem considerável de conhecimento literário, que devo ter iniciado por volta dos 12 anos. Essa atuação na biblioteca foi um período dos mais gratificantes, pois quando o movimento era fraco, eu mergulhava fundo na leitura.

Qual foi o primeiro poema que você leu e que a tocou?
Não me lembro se foi exatamente o primeiro, mas quando li “Campo de Flores” de Drummond, fiquei sem fala. Acho que foi essa leitura que me levou a escolher o amor como tema predominante dos meus textos.

Como você define a relação da sua vida com a sua obra?
Eu sou aquilo que escrevo. Eu me vejo nos meus textos. Eu tenho sede de viver, tenho muita energia, sou uma pessoa otimista por natureza: emotiva, romântica, verdadeira. Tento passar tudo isso nos meus escritos. Escrevo com o coração, sem a preocupação demasiada com métrica ou rimas. Recebo muitos emails de leitores que relatam terem se identificado e até chorado com meus textos. Fico feliz com essa empatia, mas torço para que tenham chorado de emoção, pois evito escrever sobre coisas tristes. Prefiro falar de amor, de alegria, de fé e de esperança, pois é isso que as pessoas mais precisam.

Seus textos são 100% verdadeiros ou você costuma fantasiar/criar em cima de situações reais?
Todo texto, disfarçadamente ou não, é vinculado à realidade. A fala vem e se esvai. O texto é mais sólido, mais definitivo. Imagine um Soneto de Camões, o quanto ele não tem a ver com a realidade, daquele momento (época) em que ele foi feito. Cada texto conta um pouco de como ele quer ser lido. Não existe texto neutro. Ele tem sempre o papel de mudar nossa atitude em alguma coisa. Todo autor se entrega na hora de escrever. Ele coloca nas entrelinhas (e às vezes escancaradamente) seu ponto de vista. Prestem muita atenção no título do texto. Às vezes o título é a primeira confissão, onde o autor coloca ali sua verdadeira intenção. Eu tenho alguns textos que considero autobiográficos. Outros eu imagino, invento, crio, partindo de situações reais que vivencio ou presencio no dia a dia. Também me inspiro em leituras, músicas, poemas e faço uma releitura disso tudo nos meus textos. Mas que vai muito de mim em todos eles, isso é certo.

Quais são seus autores preferidos?
Fernando Pessoa e seus heterônimos me encantaram desde a primeira leitura. Depois, foi a vez de Pablo Neruda. Dos brasileiros: Drummond, Vinícius e Cecília Meirelles foram os que mais me marcaram. Mas tem muita gente boa e que eu gosto, que não caberia aqui para citar. Resumindo, gosto de tudo o que me toca o coração.

Como você conheceu a CBJE e qual tem sido a importância dela na sua vida como poeta/escritora?
Participo de muitas comunidades de poesia no Orkut e uma pessoa (não me lembro quem) me enviou um convite para ler uma de suas obras. Havia um link que direcionava ao poema e assim conheci a CBJE. Me interessei em participar das seletivas e mais ainda pelo sistema de publicação de livros em pequenas tiragens. Imediatamente pensei: é aqui que vou publicar meu livro! Estou prestes a concretizar este sonho e através da CBJE já tenho sete obras publicadas em livros e isso é muito gratificante! Talvez, se não tivesse conhecido a CBJE, minhas obras hoje estariam engavetadas. A CBJE para mim significa credibilidade, competência e respeito ao autor, acima de tudo.

Que conselho você daria a quem está começando?
Eu diria: leiam muito! Eu li de tudo: autores diversos, com seus diferentes estilos e isso foi fundamental na minha formação. A leitura amplia a visão de mundo e imaginem vocês quantas pessoas por aí não estão precisando disso? Quanta gente atrasada, de olhar afunilado, vendo somente aquilo que lhe interessa e isso quando vêem, quando se dão ao luxo de olhar um pouquinho, além do próprio umbigo. A leitura abre-nos um leque para visualizarmos de forma mais abrangente a realidade que nos cerca. Além disso, a leitura de vários estilos de textos é que vai nos capacitar para a escrita, ampliando o nosso vocabulário e nos proporcionando mais segurança para escrever. Ler e escrever sempre! Este foi o melhor conselho que tive e que faço questão de repassar aos meus alunos e leitores.


Contato: xavier.arr@gmail.com