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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 22 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Teresa Cristina Cerqueira de Sousa

Quem sou eu
Uma mulher de nome Teresa Cristina Cerqueira de Sousa. 47 anos. Formada em Letras- Português, pela Universidade Estadual do Piauí- UESPI. Uma flor sertaneja de pétalas coloridas e, claro, simples. Uma mãe que educou seus quatro filhos baseada numa verdade: nada tenho; só o valor do que sei através dos estudos. Uma sonhadora que penso ser ainda uma criança correndo na chuva, perseguindo as flores. Um pseudônimo: flordecaju- por amar o Piauí e sua flora. Uma mania: fotografar flores silvestres. Um arrepio na pele: quando amo. Um momento: abrigo no peito as vezes que ouvi/ouço a mais bela declaração de amor: “Mãe, eu te amo” (Isso em quarteto). Uma saudade: de meu pai e de meus dois irmãos que foram ao Criador enquanto o vento sussurrava à minha família palavras de consolo!

Meu interesse pela poesia/literatura
Na infância conheci uma senhora de nome Teresinha que me ensinava a dramatizar. Cedo descobri que nos livros eu podia encontrar textos poéticos e fazia uma espécie de sarau para os vizinhos (E cobrava a entrada!). Com uma amiga (Dadá), fazia dramatizações de literatura oralizada – um resgate da memória de Dona Teresinha_ com a aprovação de minha mãe. Como meu pai considerava estudos coisa de meninos, escondia dele que eu adorava ler contos maravilhosos. Já na adolescência descobri a biblioteca pública e então com meu caderno de 50 folhas ia “pesquisar” nos livros os trabalhos escolares. Na verdade, eu havia descoberto o prazer de viajar nas histórias de Peter Pan, de Cinderela, da Bela Adormecida e por aí vai. Mas quem já viu uma história sem antagonismo? Surgiu a bibliotecária que não gostava de uma menina todo dia indagando daqueles personagens. A surra foi pouca coisa diante do conceito que meu pai passou a ter de mim: uma menina que mentia a seu pai. Diante disso, tive de fazer um esconderijo no meio do mato. Das surras que levei quando julgavam que eu andava “nas casas fofocando” guardo o prazer dos voos que passei raspando na torre da igreja matriz; dos gritos que viajaram no ar quando fui perseguida pelo Capitão Gancho ou do prazer de calçar os sapatinhos de Cinderela.
A poesia me veio com Castro Alves através de um professor do ensino fundamental. Era por ocasião do Dia das Mães. Eu fora intimada a memorizar a recitar: “A órfã na sepultura”, do livro Os Escravos. A paixão foi tanta que, casada, meu sogro achava que a poesia era meu amor maior. Como ele descobriu, eu não sei! Uma manhã, no banheiro, veio-me uns versos e saí correndo (ensaboada e tudo)... Nascera meu primeiro poema. Fiquei ali, olhando o papel escrito por mim, era um filho, um vento passageiro. Bem depois veio mais... Então, um dia um amigo disse-me: “Publica no Recanto das Letras”! Fi-lo. Tive a sensação de que meu corpo era os versos e que eu era uma flor do meu sertão.

A relação da flora e fauna do Piauí/minha poesia
Na estrada que me leva ao trabalho há flores: azuis, vermelhas, amarelas, violetas, brancas e o capim rasteiro após as chuvas. São flores silvestres. Elas encantam a manhã e lançam seu aroma no ar. Quando o vento passa por entre as pétalas murmura versos. Eu fico ali ‘“lendo” da poesia e me encantando. Um dia, eu vi uma flor desabrochar, no estio, logo pela manhã. Foi uma sensação de orgasmo. Suas pétalas sorriam (Uma flor na caatinga). Então, veio um pássaro – uma andorinha – voando raso ao encontro de mim. Engano o meu! Ele parou em um pé de pequi e ficou cochichando com as folhas. Eu sento por vezes debaixo dos pés de pequis e fico observando os frutos. Alongo o olhar e encontro um verde nas matas tão acariciante que meu peito ama o sertão. E se, no estio, vejo as matas choraram por água, sei que bebem do beijo de meu olhar. Ele chora também em comunhão com a mata por dentro. Mas tem, esse olhar, uma certeza: logo o inverno vai chegar! E como minhas células sentem a vida, capto o namoro das abelhas nas flores e sou, assim, uma mulher: os pelos eriçam, os desejos vêm, a pele reclama um toque de amor. Nessas horas, sou uma flor no cio... E vejo a natureza se renovar! Lápis a mão vou desenhando em palavras meu sertão...

Autores preferidos
Tomo dois do Piauí em nome de todos: Da Costa e Silva e O. G. Rego de Carvalho. Nacionais, para não pecar cito apenas Castro Alves que é meu namoro mais antigo. O mais... O meu cheiro com meu muito obrigada por tão poéticos textos.

A CBJE
Luciano Almeida – poeta de Teresina, falecido em 08 de fevereiro de 2009 - falou-me dessa maravilhosa oportunidade de se poder publicar poemas e contos. Vim. Agora é só terem um pouco de paciência com minha pessoa...

Para quem está começando
Se um dia a poesia pedir licença em seu coração, escancare as portas de seu coração e a deixe entrar. É a melhor companheira. Tome café com ela e nos sirva uma xícara aqui na CBJE. Adoro café! Se faltava o convite, eu o faço!

Contato: teresacristinaok@hotmail.com