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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 23 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Laly Cataguases

Quem sou...
Nasci em Santana de Cataguases, Zona da Mata Mineira, aos 15/02/1964. Depois nos mudamos para Cataguases, onde vivi dos dez aos 23 anos. Uma curiosidade sobre Cataguases: a cidade teve grande repercussão artística nacional na década de 20, do século passado, com o cineasta Humberto Mauro, considerado um dos pioneiros do cinema brasileiro, e também com a Revista Verde, criada para a divulgação do “Movimento Verde”, na qual poetas e escritores da cidade expunham suas ideias modernistas. O Colégio Cat aguases, onde estudei até o nível médio, foi projetado por Oscar Niemeyer. E foi em uma de suas paredes que Portinari criou e afixou sua obra Mural de Tiradentes.
Meu nome de batismo é Alair, mas uso o apelido Laly que me foi dado em Belo Horizonte pelos integrantes de um abrigo de crianças carentes, no qual trabalhei por sete anos como voluntário. O Cataguases no nome é uma homenagem à minha cidade. Já trabalhei: como engraxate (na barbearia de meu pai, quando eu era criança); no setor de ações de duas S/A; e, por último, como bancário, na Caixa Federal, por onze anos. Pedi demissão em janeiro de 2000, para me dedicar exclusivamente ao audiovisual, principalmente como roteirista e diretor.

Como e quando você começou a se interessar por Literatura?
Quando criança, lia muito, mas histórias em quadrinhos. Devorava tudo, de Tio Patinhas a super-heróis. Literatura, lia os indicados pelos professores. Gostava mesmo era de criar histórias. Por volta de 1979, aos 15 anos, muito influenciado por filmes americanos, escrevi dois contos de terror. Um pouco mais tarde, dos 18 aos 22, escrevi três contos (romance). Mudei-me para Belo Horizonte em novembro de 1987, aos 23 anos, onde moro até hoje. A retomada à literatura só se deu em abril de 2008 motivado por uma amiga roteirista, quando abri um blog onde postava crônicas e e pequenos contos. Atualmente com cerca de 30 textos escritos, boa repercussão no blog e tendo cinco deles publicados em coletâneas (como a da CBJE), estou na busca da edição do meu primeiro livro de crônicas e contos. Assim, deixei um pouco de lado a criação de novos pequenos textos para me dedic ar exclusivamente ao meu primeiro romance, o qual já dei início.

Relação vida / obra
Sempre quis escrever sobre várias coisas, muitas delas anotadas na memória, coisas de família, minha infância, a dos outros, o que ouvia nos ônibus, dos amigos, o meu modo de “ler” o mundo, etc., mas nunca achava tempo. Havia uma necessidade grande em escrever, mas não conseguia achar novamente o início da meada do novelo. Quando o encontrei, que se deu em abril de 2008, foi maravilhoso. Percebi que tudo aquilo sobre o que eu queria escrever ainda estava na memória. E novas histórias foram aparecendo. Com o exercício “obrigatório” do blog em ter que postar periodicamente, veio enfim o hábito delicioso de escrever, pois não parei mais de fazê-lo. Foi quando percebi que, mais do que o audiovisual, a literatura era a minha maior vontade, meu maior prazer. Pena que só descobri isso apenas aos 44 anos. Muita coisa do que escrevo serve como desabafo, o que pen so do mundo ao meu redor, minhas lembranças, meus desejos de ontem, de hoje e futuros, para mim e para todos. Mas às vezes o texto não tem muito essa proposta, é apenas um relato simples de algo que aconteceu, ou que eu gostaria que tivesse acontecido. Demorou, mas acho que me encontrei finalmente. Na literatura. Acho que nunca mais vou parar de escrever.

Quais são seus autores preferidos?
Tenho péssima memória. Então muitos dos que já li, preciso reler. E alguns do que gostava não gosto mais, e vice-versa. Cito os mais recentes: Saramago, Machado de Assis, Hermann Hesse, Guimarães Rosa.

A CBJE
Um vizinho e amigo meu, de 15 anos, um jovem poeta chamado Leo Rander, foi quem me apresentou o site da CBJE. Inclusive foi aqui neste site onde tive meu primeiro texto selecionado. Fiquei muito feliz, quando descobri que há pessoas e entidades preocupadas em abrir espaço para quem está começando. Como eu. Está sendo muito importante para mim. Vou ter sempre um carinho especial por eles.

Para quem está começando

Se a intenção for começar por textos menores, como crônicas e pequenos contos, acho válida a ideia de abrir um blog. A regularidade das postagens vai contribuir para o exercício da criação. Outra dica (que funciona comigo até hoje) é sempre andar com uma cadernetinha e uma caneta. As ideias podem surgir a qualquer momento, desde uma conversa que você ouve em algum lugar, ou fragmento de alguma coisa que você leu numa revista, jornal, ou até um personagem pronto que você esbarra no centro da cidade. E se por acaso acordou no meio da noite e teve uma ideia, não espere o sol raiar. Levante e anote. Se isso passar a ser uma constante, então deixe a caderneta e a caneta ao lado da cama. Acho primordial também tratar a escrita como um bem precioso, que precisa de atenção e cuidados, dar diversos tratamentos aos textos, ou seja, revisá-los algumas vezes antes de tê-los como prontos (minha média, por exemplo, é de oito tratamentos). Se você comparar o primeiro tratamento com o último, verá que há boa diferença. E acredite em você. Todos temos nosso potencial. O importante é dedicar e criar uma rotina para a literatura. Uns gostam mais de escrever na parte da manhã, outros em outros turnos. Qual o seu?


Contato: lalycataguases@uol.com.br