Regulamentos Como publicar Lançamentos Quem somos Edições anteriores Como adquirir Entrevistas
ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 23 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Cássio Andrade Fonseca

Quem você pensa que é?
Sou o menino de pé no chão, apartando vacas no curral da fazenda do avô, na cidade de Três Corações. Sou o jovem irrequieto, querendo ser jornalista, mas que, após uma rápida passagem por Itajubá, muda-se para São Carlos, onde inicia, mas não conclui, o curso de Ciência da Computação na UFSCAR, e ingressa no Banco do Brasil. De volta à Minas, sou o noivo e o pai, correndo entre Três Corações e Varginha, trabalhando e se tornando bacharel em direito. Sou o homem insatisfeito, que deixa o Banco do Brasil e se divorcia. Sou o administrador de campi universitários em Caxambu, Itaguara e Belo Horizonte, com uma nova companheira. Sou o advogado que volta para sua terra natal e para suas origens, querendo apartar vacas no curral da fazenda que era do avô. Ou sou aquele que ainda não conheço?

Como e quando você começou a se interessar por literatura? E quais são seus autores preferidos?
Passei minha infância e parte da adolescência na fazenda de meu avô, que sequer dispunha de energia elétrica. Os livros eram raros. Minha mãe se esforçava para adquirir pelo menos os livros escolares e uma enciclopédia. Uma tia, certo dia, me apresentou “O homem nu”, de Fernando Sabino. Encantei-me pelo livro e tenho o autor como o maior cronista/contista brasileiro. A partir daí, aos quatorze anos, comecei a me aventurar pelo mundo mágico das letras. Passei a garimpar livros, e me arriscava a escrever. A poesia veio algum tempo depois. No início achava maçante aquela escrita pomposa, com rimas no fim das frases. Até que Carlos Drummond de Andrade me mostrou a beleza de sua poesia ritmada. Assim foi o começo, tantas vezes interrompido. Cito Fernando Sabino e Carlos Drummond como meus autores preferidos nas suas especialidades, mas poderíamos ocupar várias páginas com nomes de outros tantos autores geniais.

Como é a relação que você identifica entre a sua vida e sua obra? E que conselho você daria aos que estão começando na carreira?
Apesar de escrever desde quatorze anos de idade (algumas coisas boas e um monte de coisas ruins, diga-se de passagem), nunca publiquei um livro. Mas tudo que escrevo é reflexo do que vivo, observo e imagino. Coloco no papel a interpretação de tudo isso, após filtragem por meus valores éticos, carregado da maquiagem dos meus sentimentos. A minha obra, portando, são poemas e contos que tenho guardado. Quando escrevi o poema “Rebotalho”, selecionado no vol. 61 da Antologia de Poetas, foi como uma prosa mineira comigo mesmo. Se esta prosa servir também para cariocas, sergipanos, gaúchos, paulistas, enfim, para todos os brasileiros que, assim como eu, gostariam de ingressar definitivamente no tal mundo mágico das letras, então lhes ofereço como conselho.

Como você conheceu a CBJE e como vê nossa atuação em relação aos jovens autores brasileiros?
O poema “Saudade” foi escrito no início do ano de 2009, inspirado em duas senhoras muito boas, que são minhas parentas, e a quem prezo muito. No dia quatorze de outubro, como de costume, liguei meu computador pela manhã e, não sei como explicar, me deparei com um link da CBJE. Acessei o site e, após me inteirar de seu teor, resolvi enviar o referido poema, que foi um dos selecionados no vol. 59 da Antologia de Poetas. Concluído o envio, recebi um telefonema de meu irmão, solicitando socorro para uma das duas senhoras, que havia sofrido um acidente naquela manhã. Conseguimos socorrê-la e hoje ela está saudável novamente. Mas essa coincidência, se é que podemos chamar assim, ficará para sempre nas minhas gavetas do imponderável. Independente do acontecido comigo, e do meu recente ingresso nas páginas da CBJE, percebo que a sua atuação nos permite saborear as delícias de todos os recantos do país, além de viabilizar uma avaliação criteriosa de nossos escritos.


Contato: cafo@hotmail.com