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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 23 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.



Isabel de Lourdes Duque Deodato

Carinhosamente me identificando
Sou Isabel de Lourdes Duque Deodato, nasci em 06 de outubro de 1957, natural de Santa Isabel do Rio Preto. Isso foi no sítio São Vicente, onde passava a linha do trem, a Maria Fumaça deslizava solta em sua empreitada de levar o progresso da capital do Brasil para sul de Minas. Vez ou outra jogava fagulhas de fogo pelos pastos, e seus donos tinham que sair às pressas para apagar um princípio de incêndio nas pastagens. Mamãe sempre dizia que dias antes de eu nascer, com um barrigão danado, ajudou apagar um.

Minha cidade natal,
Santa Isabel.
Seu nome carinhoso,
Um Cantinho de Céu.

Cidadezinha do interior, onde todo mundo conhece todo mundo é distrito de Valença, Estado do Rio de Janeiro.

...

Sou a sexta filha do casal, Senhor Vivinho Duque e Dona Lourdes, numa turma de onze irmãos. Muito trabalharam juntos e com os filhos, para dar conta de prover o sustento da filharada e mantê-los no caminho da retidão. Meus irmãos: Olívia, João Cândido, José Fernando, Vera Lúcia, Cantionilia, eu, Raquel, os gêmeos, Márcia Aparecida e Márcio Sebastião, Maria José e Ione.

Estudei em escola pública até o final do antigo ginásio. Depois em Barra Mansa, onde trabalhei e estudei. No Colégio Estadual Barão de Aiuruoca eu fiz o magistério. Em 1991 casei com o Carlos e me estabeleci em Ourinhos, interior de São Paulo. Não temos filhos e isso tem me ensinado a cuidar mais dos filhos dos outros. Como filha de Deus, Ele tem um projeto de vida pra mim, que não incluiu filhos. Ele queria que eu aprendesse coisas que com filhos não aprenderia. E, tenho aprendido muito. Sou professora com Habilitação em Artes Plástica pelas Faculdades Integradas de Ourinhos e Pós-graduações na área da Educação.

Hoje sou funcionária Pública da Rede Estadual de Ensino, São Paulo, atuo na Biblioteca da Escola Estadual Professor José Paschoalick e procuro criar situações de incentivo à leitura com os alunos, especialmente nas séries iniciais, despertando o gosto pela leitura e viabilizando um acesso mais efetivo de alunos aos livros no dia a dia, com contação de história, projetos desenvolvidos nas classes e ações de apoio a professores e coordenadores. Penso que:

Pode a biblioteca
Deixar de ser o apêndice da escola
Para ser parte do aparelho digestivo.
Biblioteca,
Lugar onde ideias e informações
Estão bastante concentradas
Esperando para serem digeridas
E absorvidas por organismos vivos
E sedentos de informações e ideias.
O aluno.

Por que escrevo: relação vida obra
Meu interesse em escrever veio da vontade de registrar carinhosamente momentos significativos, pessoais, particulares e de meu cotidiano. Gosto de escrever sobre situações dentro da escola, onde passo muito tempo do meu dia. Observo o cotidiano, vêm idéias, começo a colocá-las no papel e aí, é só deixar fluir os detalhes, minúcias, sentimentos, expressões e sensações. Enquanto não coloco a idéia inicial no papel, ela fica ali, martelando. Como se ela quisesse dizer: me pega, me acolhe, me aceita, me toca, me toma pra si e faz o que você quiser... Eu ainda não sei escrever. Sou iniciante.


O ato de escrever
Escrever é usar as ideias de forma ordenada e depois que começo vem uma espécie de inspiração junto com toda experiência que tenho impregnada em mim e que vai me levando. Sempre fui muito observadora e crítica, especialmente comigo. Isso tem se transformado em algo escrito.

Do papai penso que carrego um pouco da sequência lógica das coisas, que tem uma oratória coerente e coesa. Quando conta fatos de sua infância conduz a oralidade de um jeito simples e com detalhes singelos, que os ouvintes sentem como se tivessem vivido a situação juntos. Um homem chamado por algumas pessoas para opinar e aconselhar nos negócios. Homem de visão e com muita experiência de vida. Autodidata em muita coisa...

Da mamãe trago a contação de histórias de sua vida, de casa em casa, perdera a mãe desde pequenina e ora morava com um parente ora com outro. Uma vida inteira de muita economia, pouco luxo, exalava energia positiva, coragem, persistência e simplicidade. Não deixou a peteca cair até o dia em que nos deixou. Quando éramos crianças, na região onde morávamos muito montanhosa e as chuvas vinham sempre acompanhadas de trovões, raios e estalos. As torneiras de cobre amarelo davam choque porque o encanamento ainda era de chumbo e trazia a água, de uma grota alta e junto chegava as descargas elétricas da natureza. Então, a mamãe, para evitar que a filharada tomasse choque no contato com as torneiras, sentava encostada na parede, que dividia as salas, sob o relógio e dizia: “vamos sentar pra descansar um pouco, esperar a chuva passar e enquanto isso a mamãe vai contar histórias”.

A mamãe era essa...
Que jogada de mestre!
Escrever é eternizar-se e não é ficar só na memória.

Sobre o contato com livros...
Sobre livros na minha vida o que posso dizer é que, em 1965, de minha primeira professora dona Eliane Pereira Guerra, ganhei meu primeiro livro, O cachorrinho Peri, a mamãe guardou por muito tempo, hoje tenho a posse dele. Lembro-me da chegada do dicionário lá em casa. Pra mim foi mágico! Depois a Bíblia chegou de um modo muito especial. Outro fato curioso foi o surgimento do Atlas, não sei de onde veio... Tive muito contato com ele. O meu pai tinha um guia do Estado de São Paulo, que era consultado para dar nome às vacas. Eu tenho, até hoje, um exemplar do livro A árvore generosa, de Shel Silverstem, traduzido por Fernando Sabino. Livro distribuído para as escolas do Estado da Guanabara. Todos foram marcantes, mas eu não tive contato com literatura em casa e nem na escola. Muito tarde provei o vício da leitura e atualmente estou lendo O mundo de Sofia.

No Grupo Escolar Dr. Guilherme Milward eu estudei as primeiras séries e o antigo ginasial no colégio, Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Esses, por estarem distantes de grandes centros, não tinham muita opção a oferecer aos alunos. Não sei como estão atualmente. Agora, leio muito mais do que quando estudante e procuro fazer com que, na escola, os alunos leiam mais. Hoje leio muito especialmente para incentivar, sugerir, discutir e indicar leituras para os alunos. Preciso esforçar-me bastante para atrair aqueles mais arredios com a leitura.

Sobre a CBJE...
Chegou a mim como uma prova de fogo. Essa internet é mesmo abençoada... Pesquisando na internet sobre a Câmara Brasileira do Livro, parceira no concurso I Prêmio “Ser Autor” 2010, do CRE Mário Covas em parceria com SEE-SP, onde fui classificada, descobri a Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Quando vi as seletivas, decidi enviar o mesmo conto para testar se era bom mesmo, afinal ele havia sido escolhido somente na rede de Ensino do Estado de São Paulo e agora eu queria experimentar no Brasil todo. Fiquei ansiosa e na expectativa, mas quando o conto foi selecionado, na biblioteca foi uma festa. Meus incentivadores no trabalho são principalmente Elena, Dulce, Kawe, Gabriel e Vilminha, estes param pra me ouvir sempre que escrevo algo. Em casa, meu marido e minha ajudante, a Telma. Se depender destes tenho que publicar um livro. Adoro a ideia de poder publicar um livro pela CBJE. Já estou selecionando e fazendo algumas correções.

Para quem quer começar...
Ler, ler, ler, ler e ler muito e de tudo. Ler principalmente com os olhos dos sentidos bem aguçados... De lá vêm ideias... Tudo que a gente vê, pensa, sente, ouve, fala, cheira, prova e observa pode ser registrado no papel e isso é contar uma história, é escrever. Comece registrando fatos interessantes, depois os escreva observando uma sequência lógica natural. De início use linguagem simples, espontânea. Depois releia, refaça o que precisar. A palavra modela os pensamentos. Se não gostou de algo reorganize as idéias. Haverá críticas, receba-as com humildade e faça as palavras rolarem. Pedra que não rola cria limo.
Não existe o "não consigo": existe o "não tentei o bastante para conseguir o quero.


Contato: iladd@terra.com.br