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Edilson
Landim
Quem
sou eu
Sou um aposentado
da Receita Federal do Brasil, com 83 anos de idade (1928), casado, que
nasceu numa pequena cidade no interior do Ceará (Russas), filho
de pais pobres, a Diretora do Grupo Escolar e um comerciante iniciante,
que cursou o seminário menor da Prainha em Fortaleza, até
os 16 anos, e veio para o Rio tentar a vida e continuar os estudos. Sou
um exemplo do sistema do mérito estabelecido no DASP pelo presidente
Getulio Cargas. Todos os meus empregos foram conseguidos por concurso:
datilógrafo, escrevente, escriturário do M. Viação,
Fiscal da C.M.Mercante, Assessor do Tribunal de Contas da União,
e, por último, Auditor da Receita Federal pela transformação
dos antigos fiscais do imposto de consumo. Formado em Contabilidade.
Sempre procurei fazer o melhor no trabalho, e sou um homem, de origem
humilde, realizado e crente em DEUS.
Como e quando você começou a se interessar por Literatura?
Como estudei por seis anos em Seminário, só respirava atmosfera
de reza e estudo. Mais estudo que reza. O padre tem por sua missão
saber pregar e espalhar por palavras e gestos os ensinamentos. Assim,
o convívio com a literatura era permanente, igualmente com os livros
sacros. Meu interesse pela literatura surgiu aos dez anos quando fui internado
e fiquei conhecendo o mundo e sabendo das coisas através da leitura
dos livros, ainda que de uma biblioteca censurada.
Como
é a relação que você identifica entre a sua
vida e a sua obra?
Tudo que escrevo é real. Meus escritos relatam histórias
e fatos que aconteceram, comigo ou terceiros, um pouco de imaginação
ou aspectos misturados entre si. Meus amigos íntimos identificam
até os personagens.
Se a arte imita a vida, meus contos foram vividos ou são passagens
de vidas alheias. O conto Testemunho é real, Caritas aconteceu,
Suicida Perfeccionista, li em jornais as notícias, soube de um
enforcamento como Judas em Honório Gurgel, e adaptei e fantasiei,
Cinderela foi
fato com um parente, O cajueiro da malhada, o Sr Antonio Português
é meu avô,e estive no episódio,e assim todos, até
Historia de bingo.
Quais
são seus autores preferidos?
Não tenho preferência por autores. Lia tudo, digo lia, porque
minha visão atacada por um glaucoma me impede de ler o que me apraz.
Um autor – Humberto de Campos – exerceu grande influência
na juventude. Li tudo o que escreveu e apreciava o seu estilo, notadamente
em Grãos de Mostarda, Sombras que sofrem e Gansos do Capitólio.
Sempre fui um leitor compulsivo. Li os Sermões do Pe. Antonio Vieira,
Pe. Leonel Franca. Tristão de Ataíde (Alceu Amoroso Lima),
José de Alencar, Tobias Barreto, Arthur de Azevedo e outros que
apareciam nos livros de Antologia no Seminário. Li muitas obras
de Machado de Assis, gostei de suas poesias. No meu conto O TELEFONEMA
insiro umas palavras do Soneto sobre o ciúme, aquele “verme
asqueroso e feio, gerado em lodo mortal”. Considero-o como gênio
da literatura brasileira, uma vez que, infenso às influências
estrangeiras, criou um estilo próprio e original. De Euclides da
Cunha, peguei Os Sertões, li cinco páginas, fechei o livro,
abri no meio, e por sorte estava escrevendo sobre o homem (“o sertanejo
é antes de tudo um forte”) e depois sobre a luta, e fui até
o fim. Há escritores que agradam a uns e causam cansaço
a outros. Quem viaja pelos estados brasileiros e se aproxima da literatura
regional, pouco conhecida e divulgada, verifica que há muito escritor
injustiçado. Cada escritor deve ser analisado tendo em vista os
costumes e tendências do seu tempo, mas havia muito exagero de palavras
nos antigos. Os modernos vão fluentemente diretos ao ponto. Quem
costuma acompanhar os jornais em suas colunas especializadas, observa
mensalmente os livros de novos autores, em sua maioria, ótimos.
A
CBJE
A CBJE conheci através do site do Bar do Rafa (você é
escritor, quer publicar). Pouco versado em internet, procurando publicar
um conto, vejo o anúncio no Site. Foi um achado. Como lhe disse
grato, em comentários, foi ele quem abriu meus caminhos e falou
da CBJE. Andei por vários sites, mas o que mais me atraiu foi a
CBJE: correção das propostas, boa vontade nas seleções
dos escritos, descompromisso da biografia dos autores, simples operários
ou aposentados, mescla de estilos, grande divulgação dos
nomes e obras. No meu modo de entender, a CBJE foi muito feliz quando
estabeleceu, entre os cem milhões de escritores que se apresentam,
uma seleção e uma publicação por mês,
e não diariamente, o que dá tempo a novos escritos e maturação
das obras. Parabéns.
Que
conselho você daria aos que estão começando na carreira?
Ninguém dá conselhos a alguém sobre o seu modo de
escrever. Bossuet já dizia na França, na época de
Voltaire que o estilo é o homem. Escrever é obrigação
de toda pessoa que quer e precisa comunicar-se, para isso bastam umas
poucas regras de concordância e sintaxe e um
dicionário. Para ser escritor. como qualquer artista, precisa,
além disso, de vocação e muita leitura. Acredito
que o conselho é quanto à divulgação, porque
o maior desejo do autor é ser conhecido, lido e reconhecido. O
artista não tem falsa modéstia: gosta do aplauso. Assim,
lute por todos os meios, aceite críticas, mas continue melhorando,
que um dia seu trabalho será reconhecido. Sem demagogia, mande
seu escrito para seleção da CBJE e deixe o resto por sua
conta.
Contato:
t.mangab@gmail.com
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