Sueli Dutra
Florianópolis / SC

 

Dias assim

 

Sob o véu de dias cinzentos,
na brevidade dos lampejos,
caio absorta sobre cadeira empoeirada e declino dos sonhos.
Nem sei por onde viajam meus pensamentos, quisera mesmo não os ter.
Na vastidão do horizonte sem fim, não há o fim de dias assim...
De mim entro e saio.
Nada encontro e encontro tudo.
Misturam-se os sentimentos na singularidade do vazio,
Do abismo que se mostra ávido,
Que puxa,
Que chama, insana e destrói a força de querer viver.
À beira, o ar se mostra denso, e, na amplidão do nada, as vozes sussurram a dor,
Cutucando a alma num tom desafiador.
Embora, murmúrios, parecem gritar rompendo o silêncio do nada, rasgando minh ‘alma como
Se fosse papel, e aos pedaços, sobrevoando o precipício, almejo, ao longe, alcançar o céu.

 

 
 
Poema publicado no livro "Grandes Nomes da Poesia Brasileira" - Junho de 2018