O jeitinho brasileiro
Ontem reencontrei nos meus guardados um texto muito
bem produzido pelo competente jornalista e escritor Rodrigo Cavalcante,
publicado na revista Superinteressante, de setembro de 2005, tratando
da origem do nosso “jeitinho brasileiro”, nosso modo de
falar e da nossa “malandragem”. É uma leitura recomendável
e que apresentamos abaixo com pequenas adições de Luiz
Carlos Martins, que em nada alteram o conteúdo do original.
Afinal, quem somos nós, os brasileiros? À
primeira vista, a resposta para essa pergunta é fácil:
somos o produto da miscigenação entre os colonizadores
portugueses, os índios que aqui viviam e os africanos trazidos
como mão de obra escrava, além dos imigrantes que chegaram
entre os séculos 19 e 20 – como alemães, italianos,
japoneses. Até aí, tudo bem. Somos, enfim, um povo mestiço
genética e culturamente que, apesar da diversidade, compartilha
certos traços em comum.
A questão, porém, fica um pouco mais complicada quando
se trata de buscar a essência do que se convencionou chamar de
caráter nacional, aqueles traços que explicam uma série
de comportamentos que costumamos encarar com naturalidade mas que, quase
sempre, causam surpresa entre os estrangeiros.
“Não é só um estereótipo. As pessoas
aqui se relacionam com mais afetividade. Os brasileiros conversam na
rua, fato não comum na Europa”, como diz o jornalista espanhol
Juan Arias, correspondente do jornal El País. “Mas fiquei
chocado com a burocracia kafkiana para tirar o visto de permanência
após casar com uma brasileira. Foram mais de 600 dias de espera,
6 quilos de documentos e a insinuação de que tudo poderia
sair rapidamente se pagasse 8 mil reais.”
Brooke Unger, correspondente da The Economist, em São Paulo,
é mais um que se diz a um só tempo encantado e estarrecido
com certos traços do povo brasileiro. “Quando cheguei ao
Brasil pela primeira vez, vi garis em um desfile pelas praias do Rio,
numa cena impensável para um americano.” Em compensação,
ele diz não entender a espécie de amnésia coletiva
diante de casos graves de violência e impunidade. “A maioria
dos brasileiros sabe mais sobre o atentado terrorista do dia 7 de julho,
em Londres, do que sobre a chacina na Baixada Fluminense que matou 29
pessoas no dia 31 de março.”
...
Criativo ou enrolão, extrovertido ou indiscreto, cordial ou malandro,
maleável ou corruptível?
Após a enxurrada de denúncias de corrupção,
em 2005, a discussão sobre a essência do nosso caráter
volta à berlinda. De onde vem nosso jeitinho, nossa informalidade
(aqui, até o presidente da República é tratado
pelo apelido), nossa naturalidade diante da miséria, nossos preconceitos,
nossa capacidade de depositar fé em mais de uma religião?
No século 20, livros como Casa-Grande & Senzala, de Gilberto
Freyre, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda
e Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado
Júnior, tentaram responder a algumas dessas perguntas. Mas as
interpretações clássicas sobre o que é o
brasileiro seguem válidas hoje?
“A base dessas interpretações ainda é essencial,
mas é preciso lembrar que o chamado caráter de um povo
é algo que muda a cada instante”, diz a antropóloga
Lilia Schwarcz, da USP.
Se o Brasil (e, por extensão, o brasileiro) “não
é para principiantes”, como disse Tom Jobim, a Super, com
ajuda de alguns dos principais especialistas em nossas origens, preparou
um pequeno guia para entendermos mais por que somos assim – da
genética ao jeitinho.
Por que temos essa cara
Que o brasileiro é miscigenado, é algo que se vê.
Mas quanto? Em que proporção? Ainda no império,
a mistura de etnias costumava horrorizar os europeus que desembarcavam
aqui. Na época, influenciados pelas teorias raciais, eles viam
na miscigenação uma ameaça de degeneração
de todas as raças que viviam no país. Hoje, os biólogos
já descartaram o próprio conceito de raça. Os pesquisadores
sabem que há tantas variações genéticas
em um grupo com traços físicos em comum que a noção
de raça perdeu seu sentido – o rastreamento da herança
genética é feito por meio de análise do DNA.
No Brasil, o principal mapeamento de nossos mais de 500 anos de miscigenação
é comandado pelo geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade
Federal de Minas Gerais. Após pesquisar mais de 300 amostras
genéticas de brasileiros de diversas regiões do país,
isolando os traços praticamente inalteráveis transmitidos
de pai e mãe para filho e filha durante séculos, os pesquisadores
mineiros tiveram algumas surpresas.
A primeira foi a diferença entre a carga genética dos
antepassados paternos e maternos. Enquanto a maioria das linhagens paternas
dos brasileiros brancos é de origem européia (cerca de
90%), grande parte das linhagens maternas é de origem ameríndia
e africana (cerca de 60%). Ou seja: a maioria tem traços europeus
herdados dos antepassados masculinos e traços índigenas
e africanos herdados da mãe. A ciência comprova que o colonizador
europeu não se fez de rogado em ter uma prole numerosa com escravas
e nativas.
A segunda surpresa está relacionada à falta de relação
entre a cor da pele e a origem genética dos brasileiros. “A
cor, no país, diz pouco sobre a origem de uma pessoa”,
diz Sérgio Pena. “Cerca de dois terços das amostras
genéticas de pessoas de cor branca não eram de origem
européia.” Esses dados revelam que, no Brasil, a classificação
de pessoas pelo aspecto físico é inútil, já
que, geneticamente, muitos brancos podem ser considerados negros...
e muitos negros podem ser considerados brancos.
Por
que falamos assim
Ninguém contesta: no Brasil, a língua portuguesa reina
absoluta. Mas o que faz com que os brasileiros se comuniquem de forma
tão diferente da de pessoas de outros países, inclusive
de Portugal? Por que, quase sempre, preferimos tirar alguma dúvida
pessoalmente do que lendo o manual de instruções?
Segundo a pesquisadora Eni Orlandi, do Instituto de Estudos da Linguagem
da Unicamp, a preferência pela língua falada no Brasil
não estaria apenas ligada a um traço psicológico
ou às altas taxas de analfabetismo do país. “Minha
tese é de que essa preferência vem do fato de que convivemos
durante séculos com 2 línguas: a portuguesa, usada nos
documentos, e a chamada língua geral (o tupi adaptado pelos jesuítas
para converter os índios), falada no dia a dia, dentro das casas”,
diz Eni.
Como a língua geral não era escrita, ela acredita que
estaria aí a origem de nossa tendência para resolver qualquer
coisa na conversa. “Diferentemente do que muita gente leu nos
livros escolares, a influência do tupi em nossa língua
não ficou restrita a alguns vocábulos como abacaxi, jiboia,
açaí”, diz. “A língua geral teve um
papel decisivo, ainda que não tenhamos consciência disso,
em nossa forma de falar.”
Não fosse por um decreto do marquês de Pombal, em 1757,
impondo a língua portuguesa e proibindo a disseminação
do tupi (e por tabela, o poder de ação dos padres jesuítas),
essa influência poderia ter sido ainda maior. “A medida
foi decisiva para criar uma unidade lingüística com base
no português”, diz Bethania Mariani, pesquisadora da Universidade
Federal Fluminense. “Ela pôs fim à diversidade de
línguas no país, permitindo um controle maior de Portugal
sobre a colônia”, afirma a pesquisadora.
Caso a decisão de Pombal não fosse bem-sucedida, é
possível até que o Brasil hoje tivesse 2 línguas
oficiais: o português e o tupi. “Mas não sei, sinceramente,
se isso seria bom”, diz Eni Orlandi. “Afinal, isso poderia
criar mais uma divisão social no país. De um lado, o tupi
provavelmente seria a língua das camadas mais pobres da população,
enquanto o português seria usado pela elite, que não raro
abusa do bacharelismo como instrumento de exclusão social.”
Bacharelismo é o tom pouco objetivo e pomposo ainda presente
no discurso de boa parte dos políticos brasileiros. Ele teria
origem, segundo os historiadores, na preferência da elite do século
19 pelo diploma de bacharel em direito, o principal passaporte para
ocupar cargos públicos no país desde o Império.
Para o gramático Ulisses Infante, ainda permanece no Brasil a
falsa idéia de que o “falar e escrever difícil”
são sinônimos do uso adequado da língua. “Só
recentemente alguns membros do judiciário parecem ter se dado
conta de que não faz nenhum sentido escrever sentenças
em um estilo indecifrável.”
Por
que somos "malandros"
Aconteceu em 1943, após uma visita de Walt Disney ao Brasil,
como parte da política de “boa vizinhança”
dos EUA que visava reforçar os laços com os sul-americanos
durante a 2ª Guerra Mundial. Naquele ano, Pato Donald apresentaria
um novo companheiro no filme Alô, Amigos: seu nome era Joe Carioca,
para os americanos, ou Zé Carioca, para os brasileiros, um simpático
e falante papagaio. Dali em diante, a imagem do brasileiro se firmava
como a de uma espécie de bon vivant tropical, cheio de ginga,
que não se adaptava a empregos formais e vivia de “bicos”.
Mas, muitos anos antes de ganhar o mundo, a figura típica do
“bom malandro” já estava presente no imaginário
do Brasil. A antropóloga Lilia Schwarcz, pesquisadora do tema,
diz que o advento do malandro está vinculado à questão
racial no país. O malandro seria a figura do mulato brasileiro
que dribla o preconceito e consegue uma certa ascensão social
por meio de favores conquistados com ginga e simpatia.
Antes de Zé Carioca, as desventuras do personagem Macunaíma,
de Mário de Andrade, lançado em 1928, já haviam
revelado a essência malandra e mestiça do caráter
nacional. Para o crítico Antônio Cândido, o primeiro
malandro da nossa literatura teria nascido muito tempo antes, ainda
no século 19, com o personagem Leonardo Pataca, do livro Memórias
de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
Mas se a figura do malandro surge como uma estratégia criativa
de sobrevivência para ex-escravos, descendentes de escravos, enfim,
todos aqueles que não se transformaram em cidadãos logo
após a abolição, como entender a malandragem presente
também na elite nacional? O que faz com que o deputado Severino
Cavalcanti, presidente da Câmara dos Deputados, em pleno século
21, faça a defesa do nepotismo – conseguindo empossar seu
filho para um posto importante do governo, apesar de toda a indignação
da opinião pública?
Em 1936, o historiador Sérgio Buarque de Holanda dedicou um dos
capítulos do seu livro Raízes do Brasil ao estudo do chamado
“homem cordial”, termo usado então para tentar explicar
o caráter do brasileiro. Um dos traços do brasileiro cordial
era, segundo o historiador, a propensão para sobrepor as relações
familiares e pessoais às relações profissionais
ou públicas. O brasileiro, de certa forma, tenderia a rejeitar
a impessoalidade de sistemas administrativos em que o todo é
mais importante do que o indivíduo. Daí a dificuldade
de encontrar homens públicos que respeitem a separação
entre o público e o privado e que ponham os interesses do Estado
acima das amizades.
Para diversos pesquisadores, isso se explicaria pelo fato de que, durante
boa parte da colonização do país, o Estado se confundia
com a figura do senhor de engenho, do fazendeiro de café e, anteriormente,
com os próprios donatários das capitanias hereditárias.
Ou seja: a decisão sobre a vida e a morte de um escravo, por
exemplo, era uma decisão de cunho tão privado como a escolha
do mobiliário da fazenda pelo senhor e sua família, cuja
autoridade estava acima de qualquer outra lei.
Talvez por isso, quando a amizade e o jeitinho não funcionam,
é normal ouvir-se um ríspido e autoritário “Você
sabe com quem está falando?”, como diz o antropólogo
Roberto Da Matta.
Em seu livro Carnavais, Malandros e Heróis, o antropólogo
descreve o dilema herdado pelo brasileiro. De um lado, nos submetemos
a um sistema de leis impessoais cuja obediência nos países
ricos nos causa inveja e admiração. Internamente, contudo,
encaramos essas leis como uma espécie de estraga-prazeres –
e os burocratas, sabendo disso, parecem muitas vezes aplicá-las
para dificultar a vida do cidadão. De outro lado, existiria o
sistema da nossa “rede de contatos”, em que impera o parentesco,
a amizade ou qualquer ligação pessoal que drible a lei.
Trocando em miúdos: a lei é vista – e muitas vezes
aplicada – como um castigo e para fugir desse castigo vale a malandragem,
o jeitinho.
Por
que toleramos a desigualdade
Não teve jeito. Por mais que o correspondente do jornal espanhol
El País tentasse, a diarista de sua casa não aceitou a
ideia de almoçar à mesa com ele e sua esposa. “Para
ela, isso é impensável”, diz Juan Arias. “Só
depois percebi a relação ambivalente que o brasileiro
tem com as pessoas que trabalham em sua casa.”
De um lado, a intimidade quase familiar com a empregada doméstica.
De outro, direitos trabalhistas muitas vezes desrespeitados e a restrição
à área de serviço. “Mesmo em edifícios
modernos, a chamada área de serviço permanece como uma
herança da senzala”, diz o arquiteto Nestor Goulart Reis
Filho, autor de Quadro da Arquitetura no Brasil. “A escravidão
deixou marcas não só na arquitetura e no urbanismo, como
em toda a vida do brasileiro.”
Uma das mais perniciosas heranças escravagistas teria sido a
naturalidade com que se convive com a miséria no Brasil. “É
como se a escravidão tivesse feito com que o país se acostumasse
com a existência de cidadãos de primeira e de segunda classe”,
diz a antropóloga Lilia Schwarcz. “Essa convivência
com a desigualdade durante séculos faz com que as pessoas não
se comovam mais com a miséria.”
Estima-se que mais de 4 milhões de escravos tenham vindo da África
para o Brasil entre os séculos 16 e 19. No Rio imperial, viajantes
estrangeiros já observavam como a escravidão marcava a
vida dos brasileiros.
O inglês Thomas Ewbank escreveu suas observações
sobre o Brasil quando esteve no país, em 1846. Em um dos trechos
do seu livro Vida no Brasil, ele conta, por exemplo, como a escravidão
no país tornava todo tipo de trabalho manual desonroso:
“Ao interrogar um jovem nacional de "família respeitáve"l
e em má situação financeira sobre por que não
aprende uma profissão e não ganha a sua vida de maneira
independente, há 10 probabilidades contra 1 de ele perguntar,
tremendo de indignação, se o interlocutor está
querendo insultá-lo! ‘Trabalhar! Trabalhar!’ –
gritou um deles. ‘Para isso temos os negros’.” Em
compensação, o viajante inglês escreve que trabalhar
para o Estado, mesmo com um salário irrisório, era motivo
de orgulho. “Ser empregado pelo governo (...) é honroso,
mas descer abaixo de empregos do governo, mesmo para ser negociante,
é degradante”, diz o viajante, sem saber que o desdém
pelas profissões técnicas e o sonho do emprego público
ainda valeriam em muitas regiões do país em pleno século
21.
Por
que misturamos tudo
No início do século 20, o futuro parecia literalmente
negro para os intelectuais brasileiros que sonhavam em reproduzir por
aqui a civilização europeia. E não era para menos.
Se as teorias da época pregavam que a mistura de raças
degradava o povo brasileiro, estava claro que a miscigenação
era irreversível.
Os esforços de urbanização e saneamento falhavam
em fazer das nossas cidades uma reprodução das capitais
civilizadas do mundo. No Rio, por exemplo, os destroços dos velhos
cortiços derrubados para a construção de grandes
avenidas no estilo parisiense serviam de material para os sem-teto construírem
moradias improvisadas nos morros, dando origem às primeiras favelas
cariocas.
Qual a imagem que sobressairia do país? A urbanizada, branca,
europeia, ou a negra, favelada, africana?
“Foi a imagem do mulato que prevaleceu”, diz a antropóloga
Lilia Schwarcz. De acordo com ela, isso ocorreu por vários motivos.
O primeiro deles teria sido a aceitação, pelos pensadores
do país, de que a presença africana em nossa formação
era algo positivo. O marco dessa mudança de olhar teria aparecido
com a publicação de Casa-Grande & Senzala, de Gilberto
Freyre, em 1933. Muito antes do advento da genética moderna,
Freyre já escrevia que: “Todo brasileiro, mesmo o alvo,
de cabelo louro, traz na alma e no corpo a sombra, ou pelo menos a pinta,
do indígena ou do negro.”
Na cultura, o movimento iniciado com a Semana de Arte Moderna de 1922
também já havia absorvido essa identidade mestiça
na obra de artistas plásticos como Tarsila do Amaral e escritores
como Mário de Andrade, o pai de Macunaíma. Só faltava
mesmo o governo assumir que éramos, enfim, um país mestiço.
“Isso ocorreu com o advento do Estado Novo de Vargas, em 1937”,
diz Lilia Schwarcz. “É quando a capoeira vira esporte nacional,
o samba passa a ser a música brasileira por excelência
e a feijoada, com o preto do feijão e o branco do arroz, o verde
da couve e o amarelo da laranja, se torna o prato oficial do brasileiro.”
Anos depois, a música Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, consagraria
nossa identidade mestiça cantando as virtudes do nosso “mulato
inzoneiro” (sonso, manhoso) para o mundo. A diversidade de raças,
cultura e até mesmo de religião – em que outro país
alguém pode ser um pouco católico, um pouco espírita
e ter medo de encruzilhadas? – deixava de ser motivo de vergonha
para se tornar motivo de orgulho, assim como os jogadores da seleção
brasileira.
A
nova cara do Brasil
Mas qual será a cara do brasileiro no século 21? “Acredito
que algo está mudando”, diz a antropóloga Lilia
Schwarcz. “A população parece menos propensa a aceitar
o jeitinho quando ele significa a promiscuidade entre o privado e o
público”, afirma. “Mas é claro que isso varia
de região para região no país, e ainda é
cedo para dizer se essa mudança é para valer ou é
de superfície.”
Segundo Lilia, um dos erros do brasileiro é acreditar que precisamos
nos tornar sisudos e impessoais para fazer com que o país se
desenvolva e todos tenham acesso à cidadania. “Acho que
esse é um falso dilema”, diz a antropóloga.
“Se nossa malandragem se restringir ao nosso lado bem-humorado,
autocrítico e tolerante, e ficar fora da política, então
não há com que se preocupar”, afirma ela. “Os
holandeses, por exemplo, conseguem ser flexíveis e rir de si
mesmos sem que isso signifique desrespeito às leis, pois que
isso é inaceitável” O jornalista espanhol Juan Arias
concorda. “Por muito tempo, os espanhóis também
acreditavam que não conseguiriam ser desenvolvidos como as nações
vizinhas sem perder a sua identidade ibérica e católica”,
diz. “Mas tanto a Espanha quanto a Irlanda e outros países
viriam a descobrir que o problema do desenvolvimento não era
de identidade, mas de falta de acesso da população a educação
de qualidade, emprego – enfim, de cidadania.”
Edição
do 1º Colegiado de Escritores Brasileiros, da Litteraria
Academiae Lima Barreto
.....
Leia também: "O povo brasileiro"
Darcy
Ribeiro, um dos mais eminentes intelectuais-políticos do Brasil
do após-guerra, falecido fevereiro de 1997, deixou uma esmerada
síntese sobre a diversidade geoétnica da população
brasileira no seu ensaio histórico-antropológico intitulado
O Povo Brasileiro(*), editado em 1995. Viu o país-continente
fortemente empenhado "na construção de uma civilização
original: tropical, mestiça e humanista". Uma "Nova
Roma" como gostava de dizer.
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