Varenka de Fátima Araújo Garrido
Salvador / BA

 

 

José Galdino

 

José Galdino sem identidade no meio da feira, naquela época não tinha tanto valor. Um homem era reconhecido por seus dotes, sua personalidade valente.  Uma foto amarrotada pelo tempo, tinha traços de fidalgo, pertencia a raça branca, talvez seus antepassados fossem portugueses ou franceses, aquela região foi colonizada por franceses.
José casou com Maria do Espírito Santos, uma mulher tipicamente de traços exóticos, próprio das brasileiras, todo ano tinham um filho,  Maria engravidava amamentando,  uns morriam no hora do parto, outros por inanição,  somando foram 16, conseguiram sobreviver 6 filhos.  O casal era pobre de Jó, o mundo sempre foi de quem tem dinheiro. Ismael tinha um dom,  pintava e confeccionava malas, vendia na feira, levava a filha terceira da escadinha, que ajudava vendendo tempero, o ganho não dava para o sustento da família.  
O cérebro é uma caixa de surpresa, aquele homem começou beber cachaça,  foi um suplício para família, chegava em casa batendo em sua mulher, restava só água para beberem,  como as cacimbas eram construídas no quintal,  não se pagava água. Pobre homem,  tornou-se um bêbado e veio a falecer de cirrose.
Maria,  foi vender na feira, conseguiu um pedaço de chão, construiu uma casa com vários quartos, alugava os quartos e foi cuidado dos filhos, não pode educá-los. As  filhas foram vencedoras, incluindo minha mãe Maria Albanisa; os filhos varões tiveram o mesmo destino do pai. Os fortes são perseverantes, o triunfo é a vida.

 

 
 
Poema publicado no livro "Painel de Contos Premiados" - Outubro de 2017