Helena
Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ
Martino
Martino era um menino observador e gostava de fazer
artes bastante diferentes das que se veem por aí. Ele brincava
e se divertia muitas vezes sozinho.
Um dia Martino resolveu fazer xixi no vento. O vento se revoltou
e mudou a sua direção. As gotas que Martino produzira
voltaram-se para ele, respingando-o todo. Ah, pensou o menino,
isso não vai ficar assim. Eu vou dar o troco para esse
vento, vai ver só, ou eu não me chamo Martino.
Então planejou e esperou sentado na grama do jardim de
sua casa, um bom tempo. O vento, criatura esperta, tornou-se uma
brisa suave e ficou girando mansamente por ali.
O menino tomou bastante água e guardou o xixi até
a barriga esticar que nem pele de tamborim.
- Não importa, eu vou conseguir fazer o que eu desejo.
O vento há de ventar bem forte e aproveitarei tal ocasião.
As gotas cairão longe, muito longe e não retornarão
para mim.
O vento por sua vez estava ansioso para executar sua sinfonia
entre os galhos dos arbustos, passando entre as folhas e ramagens,
assobiando e cantando. E pensou: - provocarei um redemoinho; vou
encher esse menino atrevido de folhas secas e de bastante poeira
e se ele fizer xixi novamente, as gotas irão girar ao seu
redor e molharão seus cabelos e suas roupas. Ele verá
com quem anda brincando. É agora! Vou soprar! E o vento
soprou com muita força, provocando um redemoinho enorme.
Só que Martino, malandrinho, deitou-se rapidamente na grama
e fez xixi para o alto.
O vento sem querer transportou as gotículas para o seu
funil, levando-as para bem longe, indo assim parar em um redemoinho
maior, bem no olho de um furacão.
E Martino ficou muito feliz, pois enganou o vento que resolveu
deixá-lo em paz.
O menino ainda ficou por um tempo saboreando a sua travessura
e, quem sabe, tecendo outra. Onde e em quê ou em quem fará
xixi da próxima vez?
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