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Sandra Berg
Belém / PA

 

Década


A vela da mudança ainda oscilava
Bailarina menina ao primeiro passo da dança...
Nossa tosca esperança começava a se fortalecer
A ideia se refletia nas canções da MPB

Serestas engajadas à roda de violão com os amigos,
Tudo era tão louco tão certo tão claro, estranhamente vivo.
Para contemporizar não se rimou amor e dor
Porém, unidas dores nossas, um grande amor nos enlaçou!

A visão se expandia pelos céus dos guetos,
Brejos e glebas, fábricas, universidades,
A luz da nossa harmonia se entrosava com o tempo
Feito crianças descobrindo o planetário!

Ares da nova tendência tomava pé nos espaços
Em todo lugar se falava dum tempo de muita clareza
De poder sambar no asfalto, até em cima da mesa,
Nossos ressaibos sobre a velha realeza

A timidez era vencida nesse querer a seco,
Pela vontade da gente de entrar naquele barco
Virar o leme, mudar a rota, fazer história com verdade,
Sem as lorotas que nos deixavam na incerteza

A moça da sombrinha de arco-íris saiu da janela
Foi dançar na chuva e toda a banda lhe deu trela.
Nunca mais foi a feia da janela, foi participante
Naquele momento histórico que também foi o dela

Dias da nossa boemia de uma alegria aflita
Doce, nostálgica, asa de borboleta destroçada ao vento,
Cinzas de uma década vez em quando vêm
Ressuscitar no sonho do agora.


   
Publicado no "Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea" - Edição Especial - Agosto de 2014