Valdevino Bezerra
Petrolina / PE

Sanfonando a esperança

Apeado num seco tronco de juazeiro
Com precatas barrentas e o velho gibão surrado
O cabra fazia a sanfona gemer pelo ar dolente.

No rosto um sorriso caído e olhar distante
À frente o nada, só chão rachado
Ao fundo o barraco de pau a pique
Encoberto pelo cajueiro abusado.

De plateia só um calango arisco
Que saracuteava feito criança
ao som macio da oito baixos.

E Severino lá ia noite a dentro
Sanfonando a esperança.