Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Um poema a escrever

 

Ontem tudo era espinho...
Hoje os espinhos foram transformados
Em lindos cravos repletos de signos rejuvenescidos.
Ontem tudo era escuridão e escravidão...
Hoje a claridade da noite adentra a minha alma
Com um silêncio que me acalma.
Ontem eu era um retrato meio torto, tonto e denso...
Hoje este retrato se transfigurou
Transformou-se em uma grande paisagem
De perfeitas formas de bem viver.
Ontem tudo era estranho, traumático e fugidio...
Hoje tudo virou memória, experiência e poesia.
Ontem tudo parecia ser de apenas uma cor...
Hoje todas as cores ocuparam essa psicocromática monotonia
Que assustava o meu jardim de vida e mais amores...,
E de repente eu descobri que o mundo
É da cor que a gente pinta e sente
Contagia-se, e depressamente aprende,
De uma forma tão crua e nua,
Que dentro da densa e escura treva
Uma luz de dentro reluz e me conduz novamente
Ao eterno caminho de um solitário aprendiz...
E depois de toda a agitação do grande mar
Sobra-nos apenas um riso no olhar
E um poema a escrever...

 

 
 
Poema publicado na "Nós & Eles "- Edição Especial - Janeiro de 2017