Ralph Leal Heck
Fortaleza / CE

 

Câncer mental

 

I
Incólume verdeja
A bromélia convulsiva
Da minha dor derradeira.

Cantilena autótrofa,
Escorre viscosa
Dos sulcos craniais...

E encontra teleologia
Na superveniente sangria
Entre a carne voltaica e a anima helenística.

II
Perdoe. São trajetos neurais algures,
Centelha perdida
Na epilética teia quântica.
Dejetos pintados em paisagem distante.

Por um espéculo - legado anencéfalo -
"Sonda orbital" que viola,
Entumecida, o lóbulo occipital.

III
Ah, qual revertério final!
Cabal retorno bucólico e fibroso,
Elétrico, convulso e saudoso,
Misturando tempos verbais.

IV
O último produto deste átrio fecal.

 

 

 
 
Poema publicado na "Nós & Eles "- Edição Especial - Janeiro de 2017