Zuleide Valente
Santo André / SP
A uma mulher com um terço
Seu corpo inteiramente nu
Contrastava com o santo rosário
Pendurado em seu pescoço,
E o que poderia parecer heresia
Transformava-se em cor e em poesia...
O tom escuro das contas,
Que unidas formavam aquele cordão,
Insinuava-se contra o alvo de sua pele
E o que poderia sugerir pecado mortal
Resplandecia em luz, em aurora boreal...
O balanço das contas suavemente
E com ritmo, sugeriam uma dança,
Que de ofensa se transformava em louvor,
E o movimento do terço lembrava
O livre e o lindo movimento do amor...
E o Cristo, languidamente e sem pressa,
Acomodava-se em seu seio,
E como criança em colo de mãe,
Pousava a cabeça em seu peito
E atado àquele cordão adormecia...
Dormia...
E sonhava...
Pois mais que ninguém Ele sabia,
Da pureza e da imensidão do amor,
Que aquele coração possuía...
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