Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Corpos distraídos

 


Era ontem, apenas ontem
De repente, o ontem passou
Levando consigo a única rosa
Que enfeitava meu jardim!
Era ontem,
Agora é hoje,
Manchado pela ausência do ontem
Que não mais voltará
Obrigando-me a seguir o caminho
Que eu não sei aonde vai dar…
Era ontem: luz, paz, alegria, comunhão…
A voz dela ecoava numa dança
De quem não queria mais viver
E de quem também desejava viver...
E eu, de braços cruzados,
Não tive coragem de lutar contra o tempo…
Abrir as mãos para a despedida
Que não aconteceu…
Era ontem
E apenas restou o hoje completamente incompleto,
sem sentido...
Era ontem, tempo decorrido, escorregadio, dilacerante, interpelado por
Dias longos, noites inquietas!...
Um aviso bateu em meu sentido distraído
E eu não me dei por conta de que algo estava
prestes a acontecer
Era a sua partida, a sua viagem para a poética terra eterna
Que acolhe para si todos os corpos sem voz
Corpos distraídos, apenas distraídos.

 

 

 




Poema publicado no livro "Novamente o amor"- Edição 2020 - Agosto de 2020

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