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Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

 

Zé do Laço e do Compasso

   Quem é malandro? Malandro é o que ensina alguma coisa a alguém, mas preserva o “pulo do gato”. “Tá doido sô, ensino tudo do meu trabalho, menos o pulo do gato, se não pegam o meu posto.”
Malandro é o “gatim” que tem sete vidas e se safa na hora de virar pele de tamborim.
Malandro é aquele que engana bacana, que “enrola” e dá nó até em pingo d’água.
Mas, cadê, onde está a água? Quero ver, malandro, sua malandragem agora, para dar esse nó! Suplique, implore: - “Tenha dó! Basta só um pingo na torneira para eu realizar tal proeza!”
Vamos, malandro, quando será que o gato vai pular e não vai cair em pé? Sem água não há felino que aguente sete vidas, que não morra antes, de sede.
Sem água não há como malandro enrolar nó com lá, com fá, com dó...
Sem o Zé para compor e cantar, então tudo piorou.
Bons tempos, Zé, que havia pingo d’água na torneira para você dar nó e até laço para criar o compasso.
Agora, Zé, é amarrar a torneira qual atadura em ferida, para não sangrar, não gotejar o sangue e morrer de hemorragia. Não se pode perder sequer um pingo d’água!
Fica aqui uma sugestão para os interessados: já que o povo não tem poder aquisitivo para substituir as torneiras danificadas, por que não gastar uma verba com bicas novas, do tipo meia volta e distribuí-las para aqueles que as necessitam?
Isto acontece também com encanamentos amarrados com pedaços de borracha de pneumático. E os hidrantes vencidos que explodem formando piscinões pelas ruas e alamedas? Não é preciso uma atenção redobrada?
Aí sim, levariam até as casas e barracos material como canos, conexões, torneiras e fariam a campanha para a economia do precioso líquido, caso ele exista para tais famílias.
Soluções há, mas quem sabe, falta a iniciativa adequada.
Sem água potável para o mínimo de higiene alimentar, corporal e domiciliar, teremos, muito em breve, uma população doente, entristecida e estressada. Haja hospital!
Ainda há tempo para salvar o pingo d’água que, unido e reunido a muitos outros, trará de volta a felicidade e a alegria de tantos.
E viva o nó em pingo d’água do querido e admirado José Flores de Jesus, o Zé Keti, representante eterno da nossa rica e multifacetada cultura popular brasileira.

   
Publicado no livro "Nó em pingo d'àgua" - Edição Especial - Abril de 2015