Lourival da Silva Lopes
União / PI

O eterno retorno

As preces que fiz me encurtaram a visão,
Mas me deram nome, fama, discórdia,
E espalharam medo nas encruzilhadas.
As preces que fiz me trouxeram inimigos,
Mas me garantiram sucesso, fecharam circuitos,
Escravizaram maldições e me fizeram mudo.
Tenho medo dessas travessias de encurtar distâncias,
Porque mediocridades se espalham como aguapés
Que inundam rios com nadadeiras instáveis.
Sinto náuseas quando os espasmos me sufocam
E amanheço sonâmbulo vomitando pressa,
Porque é duro sofrer agonias sem desprezar desejos,
É incerto resolver querelas pregando bonança
E cumprindo solidariedades em campo minado.
Escrevo torto para endireitar escribas mortos
Que traçam linhas merencórias em espaços pútridos.
Vomito estrelas em cabeças opacas e silentes
Que exorcizam almas da cabeça aos pés.
Respeito a fé, pressinto o eterno, penso no retorno,
Valho-me do tempo, porque o tempo cura o tempo,
Só o tempo é eterno.