Thaís Ienzura
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Poema sem título

 

Você me pergunta se eu dormi bem, e eu minto pra você.
Digo que dormi profundamente, mas não.
Demorei pra pegar no sono, inquieta na cama.
Perguntando-me por que eu estava com aquele aperto no coração.
Acho que é medo.
Medo de perder o controle sobre aquilo que eu sinto,
De me sentir sozinha, de me atropelar. E me enganar.
Toda vez que meu coração dispara por sua causa eu sinto um pânico.
Estou preparada para gostar tanto assim?
Lá vem a insegurança boba e adolescente de que talvez você não corresponda a minha intensidade.
Tenho vontade de te falar o tempo inteiro como me sinto especial com você, e como você é especial para mim.
Que amo seus sorriso, seu jeito de me olhar.
Que é deitada no seu peito, protegida em seus braços, que me sinto no melhor lugar do mundo.
Mas quando começo a te dizer, recuo.
Não quero ser repetitiva, ou te forçar a me acompanhar nisso tudo.
E se percebo que você não entendeu o quanto tudo é intenso pra mim, me irrito.
Não com você. Comigo.
Que tenho medo de falar, que queria não te quer tanto.
Mas a cada segundo do meu dia, penso em você.
E quero que você esteja pensando em mim.
Será que pra você o mundo também mudou de cor?
Desde que você voltou pra minha vida, nada mais foi igual.
Agora posso ser eu mesma, sem esforço.
E por tudo isso, por querer tanto que você me queira, que minto pra você.
E digo: dormi muito bem.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "E por falar em saudade..."- Edição Especial - Abril de 2017