Wagner Gomes
Caçu / GO
Que eu não morra de amor
Eu não quero morrer de amor!!!
Ainda mais desse amor que dói nos olhos
a cada partida, a cada despedida,
a cada abraço não dado, a cada batida de porta,
a cada aceno de mão...
Não quero morrer desse amor que constrói distâncias
desnecessárias, imperfeitas, inexistentes, imprevisíveis;
essas distâncias que separam o vento do espaço,
que findam sonhos delirantes, e encantados;
essas que não esperam o final das primaveras, dos outonos...
Eu não quero morrer de amor!!!
Me deixa morrer de tédio, de segredos,
de abstinência, de silêncios, de paciência...
Me deixa morrer de saudades, de incompreensão,
de falta do que fazer, de excessos memoráveis,
de caminhos longos, tortuosos, e inimagináveis.
Me deixa morrer de qualquer outra coisa, menos de amor!
Morrer de amor não é saudável,
causa pânico, náuseas, labirintite,
cócegas, micoses, arrepios...
Morrer de amor incomoda o tempo,
os pássaros, as flores, as cachoeiras, as abelhas...
Incomoda as estações, o sol, a lua, as estrelas,
e até a rotação da Terra.
Por isso que não quero morrer de amor!!!
Se for para eu morrer de alguma causa;
se realmente for necessário que esse processo aconteça,
me deixe morrer de você!