Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

O filho da mãe natureza

 

             A Mãe Natureza teve um filho. Ele nasceu prematuro…já doente…condenado! Fruto do descaso e da falta de respeito dos humanos inumanos. Nem uma só parte de seu corpo, estava intacta…saudável!

             Seu CÉREBRO, montanha rugosa de pedra, encanto e atração exercia antes. Hoje, bananas de dinamite lhe ferem o cerne, em sucessivas explosões.

            Os OLHOS…olhos d`água, veios d`água outrora cristalinos, embaçados se encontram agora. E a BOCA, escancarada, hoje se fecha, para não beber podridões. Sua LÍNGUA corroídas por tantas poluições.

            No CORAÇÃO da Terra, um suspiro triste, definhando pouco a  pouco seu lento palpitar. Pássaros cantantes, desse seu coração, se piam e se escondem dos deuses poderosos que querem exterminá-los. E nessa morte, outros animais se aninham.

            Da espessa cobertura verdejante, às matas ralas de hoje, os tempos vararam. Séculos perdidos de ignorância. No calor abrasador de ninhos estranhos, o frio se sente.

            Nos lixões, CLOACA do mundo, humanos imundos, disputam em suas latrinas, os restos de comida, com animais peçonhentos…nojentos.

            Ao inspirar meu ar, a imaginar jardins do Éden, esse…meu ESPÍRITO…num delírio cervantesco…Éden esse obsoleto.

            Por fim, todo seu CORPO estremeceu de dor…podre…despencando aos pedaços…só lados que não se inter-relacionavam mais.

            E ele, num último suspiro soluçoso, tristemente, fazendo exéquias a si próprio, disse:

            - “Sou o filho da Mãe Natureza…”

 

(No princípio, era só a Mãe Natureza, em todo seu esplendor…
Seu “Filho” é o que resta  dela, após toda a destruição que está sendo
causada pelo homem).

 

 

 
 
Poema publicado na "Seleta de Contos de Autores Premiados"- Edição Especial - Janeiro de 2017