Ismar Carpenter Becker
Guarulhos / SP

 

 

Olhando pelo retrovisor

 

Era infeliz e não sabia que era feliz
Procurava a tal felicidade apenas sonhando vendo nuvens a passar
E as águas corriam em direção ao mar
Pouco a pouco o mar ia invadindo o coração de felicidade
Mais vieram as ondas jogando a vida para lá e para cá
E se passaram dias meses anos e tudo se consolidou
Entre tempestades e calmaria o barco navegava
Espalhando espumas alvas na imensidão do oceano
Amores vieram
Amores foram
Conquistas surgiram
Conquistam se perderam entre os dedos
Pessoas passaram em nossas vidas
E pessoas se diluíram na fumaça da ilusão da eternidade
Chegaram as recordações a incerteza a saudade
O tédio a solidão
A razão imperou sobre a emoção
Surgiu o cansaço
As flores murcharam
A relva amarelou
O coração já pulsa fraco descompassado
O sol é apenas um mormaço
O inverno chegou cinza
O sangue core nas velhas veias elásticas da vida
Como o tempo que devora tudo sugando num grande buraco negro

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos nossos que vencem as Severinas" - Março de 2018