Poesia publicada no livro "Se todos fossem iguais a você" - CONTOS - Edição Especial - Dezembro de 2013

 

Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

Se um sapo virasse um príncipe


Cada avó tem os netos que merece. Há poucos dias Isabelle mirava um sapo na grama do quintal e a sua avó lhe disse que não mexesse com ele, porque se tratava de um príncipe encantado. A menina olhou meio de rabo de olho e respondeu-lhe: “sapo é sapo, vó, não é príncipe nada!” E a senhora lhe disse mais uma vez que ele iria virar um príncipe e se casaria com ela. Novamente Isabelle respondeu-lhe: “vira príncipe nada, ele é sapo e sapo casa com a sapa.”
Quatro anos de idade e uma capacidade de argumentação que as crianças de algumas décadas atrás não possuíam ou não queriam simplesmente argumentar com alguém mais velho. Era mais fácil ouvir sem entrar em conflito ou quem sabe o romantismo fosse mais cômodo. Sonhar, acreditar no impossível, amortece as infelicidades do dia a dia.
As estrelas atualmente parecem brilhar menos, embora as noites continuem estreladas; as cigarras parecem cantar menos, mas as tardes continuam ensolaradas. Os vagalumes, ah, esses desapareceram quase por completo com os quintais cimentados e o barulho ensurdecedor das buzinas e das obras multiplicadas que também espantam os bandos de pássaros. E aí sapo não vira mais príncipe; acaba mesmo casando-se com uma sapinha, embora as festas de aniversários com príncipes e princesas aumentem a cada dia. Assim os pequenos aniversariantes e seus convidados se encantam e saem carregados com baldes de docinhos, além de brinquedinhos e outras guloseimas. Que bom que “nada se perde, tudo se transforma”.
E os avós que tratem de acompanhar a evolução do mundo, se quiserem participar da vida de seus amados netinhos.

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