Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

 

Há um oceano em mim 

 

 

A maior parte de mim é líquida água
Sou um composto de riso e mágoa
No meu oceano tem seres de espécies sutis
Com cascos, escamas, couros e com verniz.

Verto lágrimas salgadas em gotas a chorar
Ondas que me fazem dançar e espumar
As areias que cegam meu olhar azulzinho
Ou verde mar, amar com meu par marinho.

Navego nos braços do vento soprador
Para ouvir acalantos, juras e falácias de amor,
Também palavras, murmúrios e segredos
Livres de imposições ferrenhas e medos

Curto a magia de me deitar na água salgada
Da cor verde mar ou azul anil e ser mareada
Abrir braços e pernas sem conseguir levantar
Viajar de porto em porto sem cansar

Nas profundidades do êxtase desafiante
Entrar no estreito de veias circulantes
E no meu oceano desafogar a ousadia
Para sorver meias conchas de alegria.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Brasileiros" - Fevereiro de 2018