Sandra Berg
Belém / PA

 

Amazônia - realidade e sonho

 

Oh Amazônia de onírica paisagem!
Lendas e mitos resguardam o mistério,
Seus bichos do mato Matinta Perera,
Seus dons e magia, que o princípio elementar intui preservar,
E escapar da impostura
Daqueles ávidos pelo despojo da sua biodiversidade
Que fazem porfia sem respeitar-lhe a soberania.
Sinto o tempo seduzido
Pelas promessas de um progresso indiscriminado
Por aqueles que fazem do tempo
Um veículo a serviço de seus interesses particulares
Descompromissados da essência vital,
Cada vez mais afastados do propósito
Que move as necessidades ambientais.
Cada árvore que tomba leva com ela
O imprescindível saber da natureza,
Cada espécie extinta o conhecimento
Onde estaria a salvação do planeta.
Escuto o seu lamento urge o seu chamado,
Jaz o bicho, jaz o homem!
Diante desse contexto não posso ficar calado,
Meu silêncio armaria séculos de credulidade
Que facilitaria o álibi.
Oh Amazônia de onírica paisagem!
O gorjeio dos seus pássaros já ficou mais triste,
Suas árvores majestosas são decepadas ao vento,
O futuro já no presente morre.
A queimada consome num átimo
Aquilo que no lastro de séculos existiu.

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Cinzas" - Janeiro de 2018