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Rosimeire Aparecida de Sousa
Martinópolis / SP

 

Lama infame

 

O que antes já foi paraíso,
Hoje é um lamaçal
Perdida no meio do nada
Vejo-me sem juízo
Diante de um manancial.
Aqui era minha casa,
Também eu era criatura.
Aqui vivia e sorria,
Hoje sem sombra vivo de agrura
Em meio a uma só cor afinal.
Puro barro e sem alegria,
Encontro-me no que antes
Era meu racional.
Famílias contentes viviam
Hoje nem de longe podem olhar
Lágrimas visitam nossos olhos
Diante das perdas infernais.
Corpos no barro perdidos,
Animais escondidos também há.
Casas, árvores, tudo o que havia
De lá não há como tirar.
Em minha casinha querida,
Nem voltarei jamais
E nem em sonho quero lá estar.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos encharcados de lágrimas" - Fevereiro de 2016