Francisco das Chagas Dias
São Luís / MA

 

 

Poema sobre o infinito

 

Hoje, apenas hoje
E nada mais que hoje
Somente hoje
Eu queria escrever
Um poema sobre o infinito
Um escrito assim parido inadvertidamente
Como se o ausente fosse o presente
E o presente não fosse assim agressivamente ausente
E tão prejudicial a mente.
Hoje somente hoje, eu queria
Escrever e depois ler
Um poema sobre o infinito
Um escrito sob o infinito
E assim deixar pra posterioridade
Toda força que é capaz uma saudade
Uma saudade tão abstrata e incrivelmente barata
Que chega a ser assombrosamente ingrata
Com o passo que jamais fora dado
Em direção ao tão distante passado
Que se revira preso num caixão do meu lado
Enquanto durmo e ronco ao som do improvável silêncio.

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos que não se calam"- Edição Especial - Janeiro de 2017