Samuel Alencar da Silva
Capanema / PA

 

Poema sentido ou gemido de dor

 

 

Meu peito é repositório amargo de profunda paixão
Minhas mãos tateiam nuvens em trevas de dissabor

No sombrio espaço que tua presença ocupou

Tento disfarçar cantando uma alegre canção.

Procurei o teu corpo, estava hermeticamente fechado
As flamas, as luzes, o canto, tudo era pueril

Meu coração é um relicário de emoções febris

Eu timbrei teu nome no pergaminho litúrgico.

Meus olhos eram velas acesas a procura dos teus,
Olhava ébrio para o além e fitava o nada, no entanto,

Os anjos se vestiam de músicas em repertório fúnebre

Os sinos repicavam tristonhos, soluçando aos prantos.

Os bordados de renda feitos de espumas das ondas da praia
Formavam painéis do cenário do meu calvário de dor

Uma dor, um grito, um gemido, mesclavam-se em agonia

Traduzindo em sofrimento, era um dilema esse amor.

Padeço silente em minha própria resignação
As algemas me prendem em vivas lembranças

Lançando a minha alma em cruel sentença

Pois o infortúnio me impôs esse sortilégio de paixão.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos que não se calam"- Edição Especial - Janeiro de 2017