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Luzia Magalhães Cardoso
Rio de Janeiro / RJ

 

Fome de sim


Sou a criança que encontras pelas ruas.
Nas noites frias, eu não tenho quem me abrace.
Fome de pão, aplacam pedras. Todas cruas.
Pela manhã, tu nem me vês, sou ser sem face.

Quando te encontro, logo viras tua cara.
Se chego perto, tu escondes teus pertences.
Minha roupa rota a pobreza não mascara,
e a dor que cresce nas favelas tu não sentes.

Culpas meus pais, mas estou órfão, sem família.
Lá no abrigo, também tive que brigar.
Não acreditas, mas preciso de um lar.

Cuido de mim, de meus irmãos, é sempre assim.
Não vou a escola, não sei ler, não ouço sim.
Tenho dez anos e passos os dias em vigília.

 

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