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Nathalia da Cruz Wigg
Rio de Janeiro / RJ

 

Nosso silêncio



Perceba um som que nasce das estrelas e nos convida,
Laconicamente, a desvendar os mistérios da noite,
Em prol de um Norte que o nosso amor comporte,
Em prol de uma luz que sobreviva à fugacidade da vida.

Perceba que um toque deixa a solidão menos fria...
O afago afoga as mágoas em mares de ternura,
Silencia os prantos fúnebres de dor, de agonia,
Imprime a grandeza da cumplicidade que fulgura.

Eis que surge, assim, um sentido relevante
Para transcender a inevitabilidade da morte,
E encontrar na simplicidade algo que encante,
O sorriso e o sonho que no tempo aporte...

Pois quando o afeto é o feto de todo sonho,
Quando o carinho arranca os cactos do caminho,
Um brilho surge à umidade do olhar tristonho,
E a voz celeste adoça o céu da boca com vinho.

Singelamente, um brinde é feito no cálice da alma,
Com o vinho-doce da ternura... e os nossos rastros
Tornam-se provas seguras de que o amor acalma,
De que a pureza dos olhos ilumina a noite escura.

Então nos vemos como astros de um lugar criado
Pelo Silêncio gerado em tempos frios de Solidão...
Esse feto, esse filho, esse parto não é Vazio, é Solução.
É a completude e o infinito do não-dito sussurrado
Entre o meu e o seu coração...


Poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 72 - Dezembro de 2010