Lourival da Silva Lopes
União
/ PI
Somos
parte dessa teia
Por entre cipós, unha-de-gato, mandacarus,
Macambira, galhos secos ao sol do estio,
Urtigas, imburana, jatobás, lajeiros, brocotós,
Cerca de capoeira, dentro do mato vazio,
Subimos e descemos os morros daquela caatinga,
Castigada pela quentura árida do fogo nativo
Das roças dos caboclos que sobrevivem ainda,
Resistindo às adversidades do tempo, da terra e da vida.
Nessa caminhada, mato a dentro, em busca do
sonho,
Do sonho da terra prometida no meio da secura,
Encontramos o vale do Canto da Sentinela aberto
Pela natureza há bilhões de anos, cavado pela
água,
Que desce pelas encostas dos morros e dos olhos-d’água,
Fazendo brotar uma paisagem incomum pintada
Pela tinta esverdeada das palhas dos babaçuais
E de outras árvores protegidas pelos talhados das pedras
Que se agigantam imponentes como tocaias
De arapuá, cobras, onças, gatos-do-mato e de gentes.
Da natureza somos parte integrante e não
entes mais importantes.
Somos parte dessa teia em que os fios se entrelaçam
Como uma corrente de mãos dadas que sustentam o mundo
e a vida.