Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ
Passaporte poético
Vi poesia na pedra
Onde a erva medra
Na parede do muro
Na fenda no escuro
Na borra do café
E no cafeeiro de pé
No monte de lixo
Lá se servia o bicho
Senti pingo de leite dos seios da lua
Ouvi versos no olhar do menino de rua
Poema da árvore quebrada
Pelo vento lançada
Na palavra em semente
No texto mudo inocente
Vi no desenho da sola no chão
Estava na leitura da palma da mão
No rolar da lágrima colhi poesia
Achei na onda mar com maresia
Preenchi meu desejo
No movimento da lascívia do beijo
Escondida na racha do momento
No gotejar do sangramento
Poetar não é um esporte
É asa, é voo livre, é meu passaporte.