Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas / RS

 

Imersão



Olho minhas fotos atuais e me assusto.
Envelheci muito neste último ano.
As preocupações com minha família,
Em função da pandemia,
O medo por eles e por mim mesma,
O isolamento, estão estampados em minha face.
As noites mal dormidas,
A tristeza, pela solidão,
Estão todas gravadas na pele amassada
E nos olhos cabisbaixos, quase sem expressão.
Logo eu que leio muito o olhar das pessoas.
O olhar não engana. É neles, nos olhos,
Que descobrimos o que vai na alma de cada um.
Há jovens, com olhar de velho, sem esperança,
E há idosos, com intensa jovialidade no olhar.
Coisa bonita é olhar maroto, brincalhão, leve, divertido.
Dá prazer sentir, porque não carrega o peso dos anos,
A descrença acumulada, mágoas não resolvidas.
É o olhar de quem está aberto para a vida  como ela se apresentar.
É olhar com vida e esperança.
Não apresenta a sombra de um passado nebuloso
Nem a dor de sofrimento vivenciado.
Há olhares ternos, resilientes, igualmente belos.
Aceitação e superação estão visíveis e é bonito.
Expressam tranquilidade, e, sobretudo fé.
Expressam a paz da alma.

 

 

 

 




Poema publicado no livro "Poemas do Amor sem fim".
Edição 2020 - Março de 2021

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