Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA
O mal-estar sem sentido
A dor, o gemido, a angústia, o desespero...
O interior de uma mulher sendo vasculhado pelo canhão satânico
Da desvairada desnorteada razão insana imperialista.
O grito, o socorro, o delírio, o trauma de existência...
Avança firme e forte no corpo amedrontado pela anti-razão
Na absurda precariedade de um “individualismo canibalismo”
Homem, bicho, animal, imagem desfigurada da criação
Caiada por sombras da morte em devorada alucinação...
Será verdade a cena vista ou é imaginação do signo em deformação?
O vazio, o desgosto, a insônia atropelada por emoções de rebeldia
Avança o rio da sangrenta alma em extrema agonia...
A mulher é golpeada por seu próprio genitor:
“Canibalismo demoníaco” de um iluminismo cego e sem procedência,
Num rápido espaço de tempo estraga a vida de uma subtraída mulher
Que expressava sua sexualidade por sua liberdade outorgada...
E se vê agora impura, nua e crua por dentro, corroída pela “castração”
Do desejo e da satisfação anulados pela crueldade do poder sem limites...
E o assassino, de sua escolha não dormitará jamais
Pois a sombra de um anjo caído o devorará a cada instante
Em sua cela fechada para sempre... cela que selou a vida de uma inocente
Que agora terá que pedi socorro à literatura para dar o seu sofrido testemunho
Nas margens da poesia marcada pela dor e pelo estranho vazio
De uma alma estraçalhada, presa a uma voz irrepresentável e indizível
Mas quem sabe o rio do esquecimento, o "lete amargo" da lembrança
Anule de si esta terrível memória de dor e sofrimento
Num dia em que esse “Adão desfigurado”
Desapareça pra sempre da existência humana.
(À guerreira mulher, em sua emancipada sagrada forma de ser)
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