Abraão Leite Sampaio
Governador Valadares / MG

 

Manoel de Barros
O poeta que não gostava de intelectuais

 

O recluso literato...
Que tinha aversão ao estrelato
Teve seus passos em paralelos aos intelectuais
Caminhou lado a lado e por eles foi afagado

Admirava-os... mas não se embaraçava
Quando sobre eles era indagado
Com sorriso acanhado...
Dizia com leve ironia
São pretensiosos e pomposos

A timidez do “miúdo” Manoel
Esvaía-se... de seu corpo, alma e coração
Quando o assunto... eram os versos
Que o fazia “despir-se” por completo
De sua arraigada introversão

O ato de contradizer “colou” no poeta
O pantaneiro... afirmava ser brejeiro
Também rude e primário...
Mas... era homem viajado
 E de conhecimentos em grau elevado

A descrição de sua vida
Impede-nos... seu talento ignorar
Porque sua biografia... escâncara habilidades
Do homem que nasceu para “criar”

Sua historia o desampara em conivência
Opondo-se a sua frase dita com certa freqüência
Ah!... Só me preocupo com coisas inúteis
Portanto... escrevo nulidades

Não... não eram nulidades
O brilhante escritor Guimarães Rosa dizia...
Que era um doce de coco sua poesia

Seus livros e seus leitores
O cobrem com a coroa triunfal
Dando-nos aval para que digamos
Que as ricas poesias de Manoel
Encaixam-se com perfeição...
Em... “Favos de Mel”.

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 155 - Dezembro de 2017