Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Barco de memórias



Que possamos caminhar de mãos dadas...
Que possamos não calar a nossa voz que escava...
Em terreno de difícil acesso semântico-discursivo...
Que possamos atravessar, e de lá, acolá, entoar
O cântico do navio de memórias que carregamos
Em nosso movente barco...
Que possamos imaginar, com os pés no chão, 
No subsolo onde imagens habitam secretamente...
Que possamos gritar, dar um passo, sem medo do outro
Porque o outro também é passageiro deste grande mar,
Cheio de barcos, navios, caravelas, e outros e outros "outros"
Que acompanham nossa evolução...
Sabendo que, só somos o que somos
Quando rompemos com o nosso "eu"
Em troca de uma profunda amizade com um "nós"
Que habita em nós quando pensamos historicamente
Nasce daí a consciência de que, somos aquilo que pensamos
E tornamos o que tornamos, porque fomos tocados
Pela leveza inquieta da eterna poesia
Feita de puro dom
Gratuitamente dado por Deus!

(Homenagem ao missionário Wallace)

 

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 161 - Junho de 2018